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Vale do Paraíba aposta em tradições para atrair o turista – 08/02/2023 – Turismo

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De dentro dos automóveis e ônibus que percorrem diariamente os 400 quilômetros da BR-116, é difícil imaginar a riqueza da região que margeia o rio Paraíba do Sul.

Com São Paulo em uma ponta e Rio de Janeiro na outra, a rodovia Presidente Dutra corta pequenas cidades do Vale do Paraíba, onde construções históricas, belezas naturais e a núcleo da cultura caipira formam um pacote de atrações para o turista.

Saber a história do Vale do Paraíba é principal para o turista entender o que vê. Coberta originalmente pela mata atlântica, a região foi devastada pelos cafeicultores no século 19.

Nas fazendas dos barões formaram-se fortunas, mas o inadvertência com a terreno cobrou seu preço: na viradela para o século 20, fazendeiros falidos e terrenos exauridos levaram o Vale do Paraíba a um longo período de desleixo, que só começou a ser revertido recentemente.

De certa forma, essa tempo de decadência –que o repórter Monteiro Lobato retratou no livro de contos “Cidades Mortas”, de 1919– ajudou a forjar a identidade ao lugar.

Sem recursos, longe das modernidades trazidas pelo progresso, pequenos municípios preservaram tradições que, agora, fazem sucesso entre os visitantes —que os novos empreendimentos turísticos aprenderam a explorar.

É o caso da Herdade Santa Vitória, localizada em Queluz, São Paulo, perto da fronteira com o Rio. Construída em 1850, a propriedade de quatro milénio hectares mudou de mãos em 2016.

Virou um luxuoso hotel-fazenda, com suítes, casas para hóspedes e heliponto. No restaurante, porém, o sotaque é caipira. O menu do chef Alex Sander Lopes se baseia em legumes e verduras da quintal, produtos da queijaria própria e pratos emblemáticos da região, uma vez que a farofa de içá, formiga rechonchuda que fica crocante depois de frita.

Os dias no vale passam vagarosamente, mas não por falta do que fazer. Passeios em meio à natureza concorrem com uma programação cultural intensa, que envolve festejos de rua ao longo do ano todo.

Não são raros os festivais de voga de viola. Festas populares de cunho religioso mesclam apresentações de danças tradicionais e bastante comilança. Mas zero se compara ao agito que toma conta do vale no Carnaval.

Em São Luiz do Paraitinga, o Festival Nhô Frade de Marchinhas começou no término de janeiro e, no Carnaval, os blocos de rua vão circundar novamente pelo núcleo histórico, posteriormente dois anos de pandemia. A prefeitura da cidade espera receber de 15 a 20 milénio visitantes por dia.

Em São José do Barroca, a programação municipal inclui matinês com bandinhas, desfiles de blocos e shows. No restaurante Rancho, na terreiro medial da cidade, o Carnaval das Antiga reedita os bailes de clubes, com orquestra de metais tocando marchinhas ao vivo e concurso de fantasias.

Percorrer o Vale do Paraíba de coche é a melhor opção pela proximidade entre as cidades. Veja, a seguir, um roteiro por algumas delas. Quem viaja perto do Carnaval deve consultar a ocupação de hotéis e pousadas, de subida procura na idade.

SÃO LUIZ DO PARAITINGA (SP)

Arrecadação Três Léguas

A proprietária, Gilmara Seixas, garimpa produtos do Vale do Paraíba e da Serra da Mantiqueira, de queijos e embutidos artesanais a bolsas e livros de autores locais. O jogo americano de crochê sai por R$ 40.

R. Coronel Manoel Bento, 72, Meio, tel. (12) 98278-1026, Instagram @tresleguas

Lara C. Restaurante

A chef Lara Coninck ocupa uma simpática casinha no largo da igreja mais antiga da cidade, erguida no século 17, e se abastece de ingredientes locais. A shimejada com arroz orgânico sai por R$ 38.

Largo das Mercês, 21, Meio, tel. (11) 95473-9920, Instagram @larac.restaurante

Lano-Cimalha

A queijaria, que saiu do Mundial do Queijo 2022 com uma medalha Super Ouro pelo queijo Causo, abriu recentemente uma loja na quinta. A fatia do resultado premiado sai por R$ 42 (200 g).

Estrada do Fundinho, 1001, Catuçaba, província de São Luiz do Paraitinga, tel. (11) 94287-0204, Instagram @lano_alto

GUARATINGUETÁ (SP)

Laticínio Oro Bianco

Recebidos pelo proprietário, Simon Riess, que se formou queijeiro na Itália, os visitantes veem de perto as mansas búfalas da raça Murrah, testemunham a ordenha e compram burratas e muçarelas recém-produzidas. A degustação no jardim, a R$ 150 por pessoa, deve ser agendada.

Para chegar, é preciso pegar uma estrada rústico secundária a partir da Rodovia Paulo Virgínio (SP-171), consultando planta online. Tel. (12) 3125-3130, site orobianco.com.br

SILVEIRAS (SP)

Restaurante Trempe

Fundado pelo sociólogo Ocílio Ferraz, que dedicou a vida a publicar a cultura tropeira, o idoso Restaurante do Ocílio mudou de mãos posteriormente sua morte, em 2016. O atual proprietário, Mateus Araújo, aprimorou cozinha e serviço sem furar mão das tradições –mantém as mesas no jardim, o redário e a farofa de içá uma vez que estrela do menu (R$ 50, para três pessoas). Funciona de sexta a domingo, com pizzas de longa levedação à noite.

R. José Ferraz Fruto, s/nº, Vila Esperança, tel. (12) 98182-3161, Instagram @tremperestaurante

Lar Mugango

Na estrada rústico que liga Silveiras a Cunha, o parelha Virgílio Paiva e Fernando Marques cria ovelhas na Cabanha Bocaina, produz gulodice de leite e hospeda visitantes em um chalé à ourela do lago, com capacidade para quatro pessoas. Diária a R$ 457 (ou R$ 500 por dia na semana do Carnaval). airbnb.com/h/casamugango

QUELUZ (SP)

Herdade Santa Vitória

Os hóspedes das suítes e casas são entretidos com passeios a cavalo ou de bicicleta, catarata, banho de rio, piscina e spa, entre outros chamarizes. O sistema de pensão completa inclui eventos especiais, uma vez que almoço caipira no rancho da catarata e pizzas à noite. O hotel funciona exclusivamente de quinta a domingo, exceto para grupos. Diária para parelha a partir de R$ 2.200; pacote de cinco diárias para o Carnaval, de 17 a 22 de fevereiro, a partir de R$ 17 milénio.

Rodovia João Batista Melo Souza, km 5, tel. (12) 99784-2568. fazendasantavitoria.com.br

Luzeiro Lar

Um sobrado de 1923, diante da antiga estação de trem, abriga o ateliê onde trabalham cinco artesãs da região. Com bordados, crochê, costura e outras técnicas, elas produzem bolsas, toalhas de mesa e aventais –o tecido de despensa bordado custa R$ 119. Visitas somente com agendamento

@luzeiro.casa

SÃO JOSÉ DO BARREIRO (SP)

Parque Pátrio da Serra da Bocaina

Unidade de conservação da mata atlântica ensejo à visitação, tem trilhas que foram usadas pelos comerciantes de ouro e de moca, mirantes de onde se avista quase todo o Vale do Paraíba e várias cachoeiras que formam piscinas naturais.

Rod. Est. Francisca Mendes Ribeiro (SP-221), s/nº, km 0

Rancho Gastronomia e Cultura

O misto de restaurante e empório é uma embaixada informal da cultura caipira. No almoço, o bufê em fogão a lenha enfileira receitas típicas (R$ 65,90 o quilo de seg. a sex., R$ 89,90 o quilo nos fins de semana e feriados); à noite, o serviço é à la carte. Na loja anexa, encontram-se centenas de produtos da região, de goiabada a bules.

Terreiro Coronel Cunha Lara, 61, Meio, tel. (12) 3117-1317, Instagram @ranchosjbarreiro

RESENDE (RJ)

Destilador Suplente do Nosco

Na Herdade Valparaíso, construída no século 19, Marcelo Nordskog produz a premiada cachaça Suplente do Nosco. Com agendamento prévio, os visitantes são recebidos pelo proprietário e degustam os rótulos na antiga senzala, onde ficam os barris de envelhecimento. A garrafa de cachaça branca sai por R$ 110.

Estrada da Herdade Valparaíso, s/nº, Engenheiro Passos, província de Resende, tel. (24) 98803-8872; @reservadonosco

PASSA QUATRO (MG)

Queijaria Santo Antônio

Famosos entre chefs paulistanos, os queijos produzidos por Joãozinho Laura estão disponíveis na Venda dos Laura, dentro da quinta. A fatia do Grana dos Laura (200 g) custa R$ 34. Com agendamento prévio, o visitante pode saber as caves de maturação.

Estrada da Herdade Velha, s/nº, Pinheirinhos, tel. (35) 99835-8564

Lar do Monjolo

Inaugurado em agosto de 2022, o restaurante pertence ao chef Rafa Bocaina e ao queijeiro Joãozinho Laura. Da cozinha, saem pratos caipiras uma vez que o leitão à pururuca com feijão-tropeiro, arroz e salada, restrito dos sábados e domingos (R$ 157, para dois).

Estrada da Herdade Velha, s/nº, Pinheirinhos, tel. (35) 99834-6678, Instagram @casadomonjolo

*A repórter viajou a invitação da Herdade Santa Vitória



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