São Paulo
O último autógrafo de Rita Lee foi devotado a seu neto, Arthur, de cinco anos, fruto de Antônio Lee e da escritora Camila Fremder. Quem contou a história foi o caçula da artista em uma publicação de Dia das Mães no Instagram. “Um dia, enquanto visitava ela no hospital com meu fruto Arthur, o tópico veio à tona. Eu comentei que a vovó Rita tinha um autógrafo muito lícito, com escorço de disco volátil e tudo! Ele ficou entusiasmado: ‘Eu quero um autógrafo da vovó Rita!’ E ela, evidente, não negou”, contou Antônio.
Ele compartilhou também uma foto do papel que traz a dedicatória de Rita ao neto. “Para Arthur, com um ósculo da vovó”, diz o recado, que traz junto a assinatura da artista e dois desenhos de discos voadores. Rita Lee faleceu na última segunda-feira (8), aos 75 anos, e é o primeiro Dia das Mães que Antônio e seus irmãos, Beto e João, passam sem a mãe.
“Coloquei no pescoço dela um papel e uma caneta. As mãos estavam fracas, o punho já não tinha a mesma flexibilidade de antes. Mas ela se lançou no duelo”, relatou o fruto mais novo. “Primeiro, fez a dedicatória e a assinatura. Depois, o disco volátil, provavelmente seu tópico preposto. Ela sempre se dedicava mais nessa secção.”
Mas o primeiro escorço não satisfez Rita por completo, explicou Antônio. “Enquanto terminava o escorço, reclamou que a mão não obedecia uma vez que queria. Não satisfeita com o disco, tentou traçar outro mais para a direita, só para provar a si mesma que conseguia fazer um melhor. Até que desabafou: ‘a mão não tá indo, saco!’.”
O caçula de Rita Lee e pai de Arthur relatou que não entendia muito o ritual do autógrafo e a comoção causada por um pedaço de papel com um nome assinado. Hoje, mais do que nunca, diz entender: “É uma relíquia, um pedaço daquele momento, uma prova viva com reconhecimento de firma que o encontro realmente aconteceu”.
“São mais de 50 anos dessa troca entre ídolo e fã. Foram milhares de vezes repetindo esse mesmo gesto. Milhares de folhas de papel espalhadas por aí que marcam um momento em que ela esteve presente. E sem saber que aquela seria a última vez, foi lá e assinou seu nome tão lindo. Devotado a um grande fã que vai sentir muitas saudades da vovó”, escreveu também.
Antônio lembrou que a mãe nunca negava um autógrafo e que o pior que podia intercorrer era alguém chegar sem papel e caneta e ela soltar um ‘pô, bicho!?’. “Feliz dia das Mães mais dolorido do mundo, Mãezinha”, complementou ao final da enunciação.