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Brasil abriu as portas para o sonho empreendedor de casal de refugiados | ASN Nacional

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“Estamos dando nosso sumo para crescer uma vez que pessoas e uma vez que empresa no país que nos deu esperança e alternativas para uma vida melhor”, afirmam Andrea Cordero e José Javier Obregón. O par deixou a Venezuela com fado a Osasco (SP), em fevereiro de 2022, em procura de oportunidade de trabalho. Hoje, já administram o próprio negócio: a Ceres Natural, voltada à fabricação de cosméticos naturais. A empresa nasceu do sonho de formular com ciência e consciência e do investimento de R$ 1.500. Com suporte do Sebrae, os empreendedores apostam na venda do dedo, já visando à exportação.

Valorizar o meio envolvente é premissa de Andrea, que sempre sonhou em produzir uma empresa amiga da natureza.

A sustentabilidade nos negócios é um duelo e uma urgência para salvar o planeta e as gerações futuras. Por isso, nossos materiais são veganos e dispensamos testes em animais e não utilizamos fórmulas prejudiciais.

Andrea Cordero, sócia de José Javier Obregón na empresa Ceres Oriundo.

Graduada em Engenharia de Sistemas de Qualidade e Envolvente, curso que engloba a gestão ambiental e de qualidade, ela vinculou sua formação aos conhecimentos que tinha enquanto maquiadora e manipuladora de cosméticos.

Em 2020, conheceu o namorado, que até logo era seu colega de faculdade. Quando se formou, José passou a atuar uma vez que engenheiro agrônomo na dimensão de vegetação aromáticas e medicinais. Andrea propôs combinar os respectivos conhecimentos e os dois decidiram apostar na empreitada. Começaram a estudar boas práticas do mercado, processos de fabricação e normativas internacionais. Ainda na Venezuela, eles perceberam que não conseguiriam viabilizar o projeto, tanto pelas questões sociais e econômicas do país, quanto pela escassez de matéria-prima, uma vez que glicerina, óleos essenciais e vegetais.

O Brasil surgiu uma vez que oportunidade para realizar esse sonho. Mas o trajeto percorrido até cá não foi fácil. O par viajou de carruagem mais de 1.700 quilômetros até cruzar a fronteira com Roraima. Ao desembarcarem em Pacaraima, eles receberam assistência do Cumeeira Comissariado das Nações Unidas e das autoridades locais. Na sequência, partiram para Osasco (SP), cidade onde mora o pai de Andrea, também refugiado.

“Nunca sofremos por xenofobia, muito pelo contrário, os brasileiros nos acolheram. Sentimos um povo que gosta de ajudar o próximo. Somos tratados respeitosamente”, conta José. Por meio da World Vision, organização internacional de ajuda humanitária, Andrea participou de processo seletivo para trabalhar em uma empresa de jogos on-line infantil e José foi trabalhar num instituto educacional. A partir daí, a dupla se disciplinou a poupar 40% da renda fixa que ganhavam para investir na empresa.

Extrapolando fronteiras

A Ceres Oriundo foi planejada na Venezuela, mas nasceu, de veste, em solo paulista, em outubro de 2022, com investimento inicial de R$ 1.500. Com o slogan “formular com ciência e consciência”, os produtos contêm ingredientes 100% naturais, incluindo as embalagens, que atendem ao noção 3R (reduzir, reutilizar e reciclar). Apesar de ter iniciado a produção na própria vivenda, por questões de higiene e segurança, o par logo buscou um espaço adequado. Depois de passar por testes de qualidade, os produtos foram avaliados por parentes e amigos.

Andrea e José se dedicam a produzir cosméticos durante cinco horas por dia e, nas demais, focam na logística e publicidade. O principal ducto de vendas da Ceres é a Shopee, via atacado e varejo. “A experiência é dinâmica. Quem estiver começando, sugerimos que sejam criativos e inovadores ao oferecer os produtos, para ter mais tráfico nas vendas”, aconselha José. Com preços a partir de R$ 10, os produtos mais vendidos são o óleo para incremento de sobrecenho, com argan, rícino e alecrim, hidratantes para tatuagem, além da risco pet, com hidrante para patinhas e sabonete antipulgas.

Incentivo que mudou a história

Com suporte do Sebrae, Andrea se formalizou uma vez que microempreendedora individual (MEI) em outubro do ano pretérito. O par recebeu toda a formação inicial até ser convidado a participar da Feira do Empreendedor, em 2022. “Foi um duelo porque a Ceres ainda estava nascendo e tínhamos pouco estoque. Vendemos muitos sabonetes de aveia branca e lavanda. Ao mesmo tempo, foi importante saber a urgência do público para melhorar as fórmulas. Nos motivou a impulsionar os negócios”, relembram.

Os produtos foram muito recebidos pelos brasileiros, principalmente quem já consumia e tinha consciência sobre a cosmética procedente. A partir de logo, a Ceres Oriundo começou a se posicionar nas plataformas digitais e os empreendedores conseguiram lastrar o numerário das vendas com o dispêndio dos materiais. Para o par, o estágio nunca pode parar. “Vamos continuar nos capacitando para fazer crescer a empresa, principalmente na dimensão de exportação. Estamos trabalhando para entregar um lote maior de vendas e lançar novos produtos”, projetam os empreendedores venezuelanos.



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