São Paulo
O corte da cena do beijo entre as personagens Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) em “Vai na Fé”, recepcionado pela Orbe, tem chateado não só os telespectadores, mas os próprios artistas acostumados a trabalhar na emissora.
Tainá Müller foi às redes sociais para criticar a postura do meio. No ano de 2014, na romance “Em Família”, a atriz interpretou Marina, uma mulher que tinha porquê par romântico Clara, vivida por Giovanna Antonelli.
“Sofri muito com essa história na era de #Clarina. Achava um paradoxal, na real. Entendo que o Brasil é um país conservador, mas não regularizar o afeto entre duas pessoas do mesmo sexo só faz a manutenção do preconceito”, opinou.
Na visão dela, o preconceito quase não mudou daquele tempo para hoje. Em 2021, Tainá chegou a postar cenas das personagens da trama sete anos antes e chamava a atenção de produtores de que existia um público imenso que queria ver histórias de paixão lésbico no ar.
“E a pergunta que faço a mim mesma desde 2014: Qual o problema de um ósculo? Ou melhor, o problema não tá no ósculo, tá em quem se incomoda em ver um ósculo. ‘Ah, mas as crianças…’ Logo corta todos os beijos, héteros também. Tem coisas que não dá pra voltar detrás”, escreveu.
Na cena de “Vai na Fé”, Clara e Helena pareciam flertar durante uma consulta, e uma mudança de rumo acontece no momento em que se aproximam uma da outra. A perenidade da cena sugere que um tanto ocorreu e que elas se arrependem. Mas não é mostrado nenhum carinho mais íntimo.
Procurada, a Orbe confirmou que houve uma edição. “Toda romance está sujeita a edição. Uma rotina que atende às estratégias de programação ou artísticas. Isso, inclusive, é sinalizado nos resumos de capítulos divulgados pela Orbe”, disse em nota.