Liverpool
A pequena Liverpool se prepara para sediar neste sábado (13h), a partir das 16h no horário de Brasília, a grande final do Eurovision Song Contest. O tradicional festival europeu está mais internacional que nunca neste ano, pela primeira vez autorizando fãs fora da Europa a votarem pelo aplicativo solene e se preparando para spin-offs na América Latina e no Canadá em breve.
E os ineditismos neste ano ainda podem ir além. Entre os favoritos, a candidata a ser batida é Loreen, representante da Suécia. A cantora já venceu em 2012 e chega a 2023 mais segura e impactante. Seu hit “Tattoo” apareceu nos charts do Spotify em 26 dos 37 países participantes deste ano, figurando na 103ª posição global —um feito inédito antes da final. Se levar o troféu, ela será a primeira mulher a vencer duas vezes a competição.
É uma conquista impressionante para uma artista lançada ao estrelato por um reality show. Nascida Lorine Zineb Nora Talhaoui e filha de marroquinos, a cantora fez sucesso momentâneo ao ser revelada pela versão sueca da franquia Idol, mas passou os anos seguintes escondida por trás das câmeras, trabalhando uma vez que produtora de TV. Foi só em 2011 que arriscou voltar aos palcos nacionais, tentando a vaga para simbolizar a Suécia no Eurovision pela primeira vez com “My Heart Is Refusing Me” e sequer chegando à final.
No ano seguinte, porém, Loreen arrebatou o país (e posteriormente toda a Europa) com “Euphoria”, chegando a figurar uma vez que a terceira melodia mais ouvida do mundo no Spotify. Competência à renome, ela até ensaiou um retorno ao Eurovision em 2017 com “Statements”, uma produção com possante conotação política que não caiu nas graças dos compatriotas.
A guião pareceu ter comovido a crédito dela, que se recusava a tentar outra vez voltar ao festival que tornou nome sabido em todo o continente. Mas isso mudou no final de 2022.
“Quando ‘Tattoo’ veio até mim, eu sabia que era minha. Senti em cada centímetro do meu corpo. Foi alguma coisa místico”, explicou ela em coletiva de prelo realizada na madrugada de quarta-feira (10) em Liverpool. “Gravei uma demo e me convidaram a tentar a seleção para o Eurovision outra vez. Eu neguei várias vezes, mas as pessoas insistiam. E cada vez que eu negava, a minha resistência diminuía.”
Para a apresentação, ela se enfia entre dois telões que simulam um deserto. A voz poderosa é acompanhada por projeções de tatuagens usadas por mulheres beduínas, uma homenagem às suas raízes berberes. O resultado televisivo enche os olhos de quem assiste pela televisão, mas dá trabalho aos produtores: uma equipe com dezenas de contra-regras precisa decorrer para o palco no início e no término da apresentação para montar e desmontar a pesada estrutura, que fica presa no teto da estádio e precisou ser diminuída para se conciliar à dinâmica do festival.
Alheia à dificuldade da proposta, Loreen colhe os louros das decisões artísticas que tomou com o seu time. Deu tão claro que, desde o lançamento, “Tattoo” se tornou favorita absoluta ao título e conta agora com 52% de chance de vitória segundo as casas de apostas britânicas.
CONCORRÊNCIA PESADA
Engana-se, porém, quem acha que a sétima vitória da Suécia no Eurovision virá de mão beijada. Quem também chega possante pelo título é a Finlândia e o seu representante, Käärijä. Com um bolero virente florescente, refrão pegadiço e um carisma incomparável em toda entrevista que dá, o rapper conseguiu levantar a estádio nos ensaios em Liverpool. “Cha Cha Cha” investe no bizarro e em uma cenografia com cores chamativas, alguma coisa que pode se provar uma fórmula de sucesso nos resultados de mais tarde.
“Eu não estou cá para entreter. Eu realmente quero e acho que posso lucrar isso”, disse ele ao F5, aparentemente sem se deixar intimidar pela colega nórdica. “É a concretização de um trabalho de muitos meses.”
Os finlandeses ecoam a crédito. Por lá, até a Igreja Evangélica Luterana entrou na vaga, demonstrando o base pelas redes sociais ao “vestir” o monumento em Helsinque com o figurino chamativo de Käärijä.
Correndo por fora, Espanha, França e Israel também têm chances. Os ibéricos apostam na jovem Blanca Paloma e o flamenco “EAEA”, em uma performance inspirada nas obras do redactor espanhol Federico García Lorca e dedicada à avó da competidora.
A França, por sua vez, trouxe em 2023 a franco-canadense La Zarra —descrita pela delegação do país uma vez que “misteriosa, inspiradora, carismática, dona de uma voz que nos transporta através do tempo”.
Israel, por término, fez uma colagem de estilos diferentes na constituição de “Unicorn”, trabalho que conta com a assinatura do compositor Doron Medalie responsável pela vitória do país em 2018 com o hit “Toy”. Para chegar lá, a estrela Noa Kirel aposta em muito carão e uma coreografia de tirar o fôlego.
ONDE VER: A grande final do Eurovision pode ser assistida a partir das 16h (horário de Brasília) pelo meato da competição no YouTube com áudio original em inglês. A rede RTP também transmite o show pelo sinal em TV fechada, com tradução e comentários no português de Portugal.