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EUA: A estrada flutuante que atravessa 44 ilhas na Flórida – 08/06/2023 – Turismo

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Gaivotas povoam o firmamento enquanto atravesso quilômetros de águas resplandecentes em qualquer ponto entre o oceano Atlântico e o Golfo do México.

O firmamento funde-se com o mar azul-petróleo, que passa a ser turquesa quando sua profundidade diminui, perto dos canais entre as ilhas de coral e calcário.

Uma imensidão azul se estende até onde a vista alcança.

Enquanto ajusto meus óculos de sol, observo um movimento súbito pelo esquina dos olhos: um golfinho-nariz-de-garrafa.

O golfinho estava com seus amigos e o grupo logo fez um balé aquático, saltando em arcos graciosos antes de submergir de volta nas ondas.

Barcos de pesca navegavam lentamente à minha volta e tive vontade de lançar uma traço, mas teria sido difícil enquanto dirigia meu sege a 80 km/h pela autoestrada.

Viajar de Miami até a ilhéu de Key West, na Flórida (EUA), nem sempre foi um passeio despreocupado porquê é hoje.

No início do século 20, a única forma de fazer o trajeto até o ponto mais ao sul dos Estados Unidos era uma viagem de embarcação que levava um dia inteiro, dependendo do clima e das marés.

Mas, graças a uma impressionante maravilha da engenharia —a Overseas Highway, com 182 km de extensão na ponta sul dos Estados Unidos, atravessando 44 ilhas tropicais com 42 pontes— eu pareço estar flutuando ao longo de um grudar de ilhas arenosas e manguezais, enquanto dirijo até o ponto onde a América do Setentrião e o Caribe se encontram.

Sonho ferroviário

A Overseas Highway, na verdade, começou porquê a Over-Sea Railroad. A ferrovia foi criada pelo visionário empreendedor Henry Morrison Flagler (1830-1913), espargido porquê “o Pai da Flórida Moderna”.

Em 1870, Flagler tornou-se um dos fundadores da Standard Oil Company, ao lado do magnata dos negócios John D. Rockefeller (1839-1937). A empresa passaria a ser uma das maiores e mais poderosas do mundo no início do século 20.

Depois de visitar a Flórida e reconhecer o potencial turístico do “Estado do Luz do Sol”, Flagler investiu grande secção do seu moeda na região, construindo resorts de luxo que transformaram um dos Estados mais pobres dos Estados Unidos em um paraíso de inverno para os viajantes da Era de Ouro americana, vindos do nordeste do país.

Mas faltava uma forma de fazer com que os hóspedes chegassem aos luxuosos resorts de Flagler, que ficavam em lugares remotos.

Para isso, em 1885, ele conectou uma série de ferrovias dispersas ao longo da costa atlântica da Flórida, ligando Jacksonville, no extremo setentrião do estado, a Miami, perto da ponta sul.

Miami teria sido o termo da traço. Mas, quando os Estados Unidos começaram a erigir o Meato do Panamá, em 1904, Flagler percebeu que havia um imenso potencial em Key West —o pedaço de terreno americano mais perto do Meato e o porto mais profundo do sudeste dos Estados Unidos.

Na era, o sítio já era um núcleo impaciente e florescente, graças às indústrias do charuto, extração de esponjas marinhas e pesca. Na verdade, Key West foi a maior cidade da Flórida até 1900.

Mas a localização remota da ilhéu dificultava e encarecia a movimentação de mercadorias para o setentrião do estado.

Flagler decidiu portanto ampliar a ferrovia em 251 km para o sul, até Key West. A maior secção da intervalo seria coberta sobre mar simples, atravessando o arquipélago de Flórida Keys.

A construção do chamado ramal de Key West foi considerada impossível por muitos de seus contemporâneos. Sua visão foi apelidada de “Loucura de Flagler” pelos críticos.

Entre 1905 e 1912, três furacões atingiram o sítio da construção, matando mais de centena trabalhadores. Mas o incansável Flagler seguiu adiante.

A construção levou sete anos e custou US$ 50 milhões (US$ 1,56 bilhão em valores de hoje, ou tapume de R$ 7,8 bilhões).

Quatro milénio imigrantes afro-americanos, europeus e das Bahamas precisaram enfrentar os jacarés, cobras e escorpiões, em severas condições de trabalho, para erigir a ferrovia.

A estrada de ferro foi finalmente completada em 1912 e considerada a “oitava maravilha do mundo”.

Na viagem principiante, uma locomotiva a vapor chegou a Key West, trazendo Flagler de Miami. Com 82 anos de idade, ele saltou do seu vagão de luxo pessoal e teria sussurrado para um camarada: “Posso morrer feliz. Meu sonho foi realizado”.

O vagão de luxo usado por Flagler encontra-se atualmente em exposição no Museu Flagler, em Palm Beach, na Flórida.

“O roupa de que Flagler financiou [mais de US$ 30 milhões] do próprio bolso naquela era foi bastante notável”, segundo o historiador da Flórida Brad Bertelli.

Jeff Bezos ou Bill Gates poderiam ter feito isso hoje em dia. Elon Musk, com sua SpaceX, talvez seja a melhor conferência moderna.”

A ferrovia operou até 1935, quando o furacão mais mortal em um século varreu quilômetros de trilhos.

Em vez de ser reconstruída, a obra-prima de Flagler entrou em uma novidade tempo para receber o recém-descoberto paixão dos americanos pelos automóveis.

Em 1938, o governo dos Estados Unidos decidiu erigir uma das mais longas rodovias sobre a chuva do mundo, utilizando as pontes aparentemente indestrutíveis de Flagler, que conseguiam suportar ventos de até 320 km/h.

Operários cobriram os trilhos com asfalto para receber os carros e a Overseas Highway transformou para sempre a distante Florida Keys, para que pudesse se tornar o próspero sorte turístico que é hoje.

A viagem e as atrações do caminho

Mais de um século depois da inauguração da ferrovia, 20 das 42 pontes originais ainda transportam viajantes de Miami para Key West.

A viagem pode ser feita em menos de quatro horas, mas fazer paradas pelo caminho é secção da diversão. Uma série de paradas fascinantes e pouco exploradas ajuda os visitantes a respeitar melhor esta maravilha da engenharia e seus impactos duradouros sobre o arquipélago.

Localizada a 111 km ao sul de Miami, Key Largo é a ilhéu mais ao setentrião de Florida Keys e a primeira grande paragem do trajeto.

Jacarés, cobras e outras criaturas que vivem na chuva podem ter apavorado os operários de Flagler, mas, atualmente, os viajantes vêm a Key Largo (autoproclamada “capital mundial do mergulho”) para maravilhar-se com a sua rico vida marinha.

O Santuário Pelágico Pátrio de Florida Keys e o Parque Estadual dos Recifes de Coral John Pennekamp atraem mergulhadores dispostos a explorar o único recife de coral vivo da América do Setentrião.

As ervas marinhas oferecem um habitat fundamental para os peixes, peixes-boi e tartarugas-marinhas. Mas a principal atração é o Cristo do Escuridão —uma estátua de bronze submersa de Jesus Cristo com 2,74 metros de profundeza que vem atraindo visitantes que nadam em torno dos seus braços abertos desde 1965.

Depois que você se secar, siga até a comunidade de Islamorada, a meio caminho entre Miami e Key West. Lá ficava uma das estações da Over-Sea Railroad.

Em Islamorada, fica o Meio de História e Invenção de Keys, onde você pode presenciar a um documentário de 35 minutos apresentando a construção da ferrovia e seus muitos obstáculos.

O museu também exibe artefatos da era de ouro dos trens, incluindo louça dos vagões-restaurantes e um menu original da era que oferecia filé de lombo a US$ 1,60 (tapume de R$ 8).

Continuamos a viagem. Entre 1908 e 1912, tapume de 400 trabalhadores moravam em um acampamento em Pigeon Key, uma minúscula ilhéu de coral a 56 km ao sul de Islamorada. Eles construíram a secção mais difícil da ferrovia: a famosa Ponte das Sete Milhas (popularmente, a “Old Seven”, em inglês) —11 km ligando as ilhas centrais às do sul de Florida Keys.

Em 1909, o engenheiro social William J. Krome (1876-1929) recebeu a desafiadora tarefa de cruzar 11 km de mar simples.

As equipes de construção trabalharam 24 horas por dia, instalando mais de 700 pilares de sustentação no meio do oceano, às vezes tapume de nove metros aquém do nível do mar, para erigir a ponte mais longa da ferrovia.

Eles foram auxiliados por mergulhadores, que ajudaram a gerar pedestais de concreto submarinos para suportar o peso da traço férrea.

Os sobras do velho acampamento de construção podem ser visitados atravessando de trenzinho a velha ponte, da cidade de Marathon até Pigeon Key.

O trecho tem 3,5 km e é a única secção alcançável da ponte original. Ele foi reaberto em janeiro de 2022, depois de uma reforma que levou cinco anos e custou US$ 44 milhões (tapume de R$ 220 milhões).

Fechada ao tráfico (exceto pelo trenzinho), a ponte que antes se deteriorava agora é uma pista segura para bicicletas e patins, 20 metros supra da chuva cristalina do mar, ou para observar a vida marinha, porquê tartarugas e tubarões-lixa.

Atualmente, unicamente quatro moradores permanentes residem em Pigeon Key. A ilhéu, com dois hectares de superfície, é agora um Marco Histórico Pátrio dos Estados Unidos. Lá, utiliza-se principalmente vontade solar.

Pigeon Key também abriga um museu que oferece visitas guiadas a diversas construções que antes abrigavam trabalhadores e conta porquê era o dia a dia das equipes que construíram a Ponte das Sete Milhas.

Chegando ao extremo sul

Os viajantes que hoje percorrem toda a extensão da Overseas Highway sabem que a jornada termina quando avistam o Marco Zero da rodovia US-1, em Key West.

A boia preta e branca marca o ponto mais ao sul dos Estados Unidos, o que significa que os visitantes estão agora mais próximos de Cuba (145 km de intervalo, ao sul) do que de Miami (212 km ao setentrião).

Cá, muitos turistas se dirigem rapidamente à rua principal da cidade, a Duval Street, ou ao Museu Morada de Ernest Hemingway. Mas vale a pena dar uma olhada no Museu Sails to Rails (“De Velas para Trilhos”) – pequeno, mas repleto de informações.

O museu conta os 500 anos de história de Key West e mostra porquê esta ilhéu tropical de 18 km² evoluiu de um paraíso de piratas para tornar-se um núcleo mercantil e um sorte turístico famoso pela sua atmosfera descontraída.

Os artefatos da era da ferrovia incluem o vagão-pagador —uma espécie de banco sobre rodas para fornecer os salários dos funcionários da ferrovia. A exibição intitulada Oitava Maravilha do Mundo Moderno mostra a evolução da ferrovia e explica porquê cada travanca foi superado, forçando até o limite a tecnologia disponível no início do século 20.

“Se eu fosse ressaltar o evento mais importante da história de Florida Keys, sem incerteza seria a construção da Over-Sea Railroad de [Henry M.] Flagler”, afirma o jornalista e historiador de Florida Keys Dori Convertito.

“Com sua visão, dedicação, empreendedorismo e antevisão do porvir, Florida Keys foi conectada pela primeira vez ao continente americano. As vantagens comerciais e de deslocamento para os moradores e visitantes da ilhéu são inegáveis”, segundo ele.

“Ela influenciou para sempre a trajetória da economia de Florida Keys e abriu as portas para a indústria do turismo que temos hoje em dia.”

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