Um fenômeno cada vez mais generalidade nos supermercados é a chamada reduflação, mistura das palavras “redução” e “inflação”.
Ela ocorre quando um obreiro, para não aumentar o preço de um cláusula –e, consequentemente, emputecer o consumidor–, reduz o tamanho do resultado sem mudar o valor cobrado.
No fritar dos ovos, sobe o preço do quilo, do litro ou do metro daquela coisa. A percepção do comprador, porém, é enganada. A redução da porção só será notada se ele se dispuser a ler as letras pequenas da embalagem.
No Reino Unificado, onde o olhar dos consumidores é bastante aguçado, 65% perceberam a reduflação que está rolando solta por lá. Um em cada 5 entrevistados para uma pesquisa do banco Barclays diz boicotar os produtos que encolheram sem subtracção proporcional do preço.
Para os britânicos, a inflação subida destes tempos é alguma coisa que não se via há décadas, por isso tanto fragor com os ardis da indústria para encapotar a subida dos preços.
Cá, infelizmente estamos mais acostumados com isso. Vale a pena boicotar as empresas que praticam a reduflação?
Sou pessimista nesse ponto. Um boicote, além de inofensivo, é praticamente impossível.
Todos os fabricantes, num preocupante sinal de cartelização, recorrem simultaneamente ao estratagema.
Veja o caso dos chocolates. Quatro grandes marcas reduziram em 10 gramas o peso de algumas barras: Nestlé, Garoto (também da Nestlé), Lacta (da Mondelez) e Hershey’s.
Os três primeiros passaram de 90 g para 80 g (-11,1%). O Hershey’s foi de 85 g para 75 g (-11,8%).
Aí a gente se lembra de que isso já aconteceu antes. O peso padrão das barras de chocolate costumava ser de 100 g.
Quando reduziram a porção em 10%, para 90 g, houve um aviso impresso miudinho na embalagem. Mas ele só fica lá por alguns meses. Depois ele some, e a gente se esquece que foi trucado.
Outro exemplo bastante didático é do Rap10, aquela tortilha de trigo da Bimbo. Começaram vendendo o pacote com dez (até por razão do nome do resultado), depois encolheram para nove. A concorrente Tá Pronto, da Wickbold, acompanhou o movimento.
Acontece com biscoito, com cereal e até com papel higiênico. Vai querer boicotar? Felicidade, mas informo que não tem para onde passar.
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