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A trajetória do retirante que virou chef do Fasano – 30/08/2023 – Turismo

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No basta da Serra da Santa Cruz de Monte Santo, que Euclides da Cunha chamou de “prodígio de engenharia rude e audaciosa”, os romeiros, depois de seguirem os Passos de Cristo no calvário nordestino, fazem suas preces, nelas depositando a fé em um horizonte próspero. Na já distante dez de 1980, São Paulo era o santo nome da esperança para muitos dos filhos do semiárido baiano. Foi assim para Rosivaldo Neves de Brito, que, portanto com 17 anos e meio, munido de passagem no bolso e mala na mão, tentaria a sorte na maior cidade do Brasil.

Na bagagem, duas mudas de roupa e fotinhos, em preto e branco, do torrão natal e da família, uma secção desta já tinha feito a mesma romaria: quatro dos dez irmãos mais o pai estavam em São Paulo, todos trabalhando no ramo de gastronomia e hotelaria. Brito estava a um passo da maioridade quando, depois de tirar todos os documentos de que precisava para encarar três dias de viagem em um ônibus, compartilhado com tantos outros retirantes, desembarcou na capital paulista.

Quando chegou, o baiano pouco se preocupou em entender a dura verso concreta das esquinas paulistanas. Foi logo lavar prato e panela, limpar soalho, fazer cintilar a prataria. Para o que preciso fosse, lá estava ele.

“Os baianos da minha terreno iam para lá trabalhar num só lugar: a cozinha”, recorda-se. “Naquela idade, a gente cansava de ver placas de ofício para ajudante de restaurante espalhadas por diferentes cantos de São Paulo”, lembra.

O quantia que juntava tinha tramontana patente: ia —dentro de um envelope, escoltado de uma epístola— para a família. O mensageiro era qualquer parente ou publicado que regressava à cidade natal, tudo na base da crédito e da solidariedade de quem está no mesmo paquete. Ninguém tinha conta bancária. Internet tampouco existia, menos ainda Pix.

Também era empenhando o fio do bigode que um conterrâneo recomendava outro para um novo ofício, mesmo sob o risco de prejudicar o próprio nome e, é evidente, o posto de trabalho, caso a nomeação não fosse das melhores.

Foi graças a uma indicação de camarada que Brito chegou ao Grupo Fasano. O ano era 1990, quando o restaurante da marca ainda funcionava na rua Haddock Lobo, nos Jardins, espaço transcendente da metrópole.

“Fasano” já era um nome familiar aos ouvidos dele. Isso porque o rapaz fora vizinho do “seu” Ático, o maître Ático Alves de Souza (1927-2022), que marcou a história do restaurante em seus 30 anos de dedicação ao grupo no qual o jovem baiano portanto ingressava.

Brito, à idade, morava numa pensão no bairro da Bela Vista, região central de São Paulo, onde dividia com três colegas de Monte Santo um quarto de beliches. Ao saber seu novo sítio de trabalho, ficou surpreso com o que viu. “Todo o mundo queria trabalhar no Fasano. Sempre foi o símbolo sumo da sofisticação”, lembra.

O jovem deparou-se com o que hoje muito avalia: “Era uma gastronomia muito dissemelhante e exigente”. Ao longo do tempo, foi aprendendo muita coisa —fez curso na “escola Fasano” de formação profissional. Trabalhou também no Gero e no Fasano Rio, que, em suas palavras, “revolucionou a gastronomia carioca”.

Entre os colegas de lá e de cá, era publicado não porquê Rosivaldo Neves de Brito, mas simplesmente porquê Bahia, o nome da terreno querida.

Morou cinco anos em Ipanema, na charmosa esquina da Visconde de Pirajá com a Vinicius de Moraes, bancado pelo grupo. Fez secção da inauguração do Fasano BH, em outubro de 2018, e, no mês seguinte, estreou no Fasano Salvador, capital que ele ainda hoje está aprendendo a desvendar.

“Quando deixei Monte Santo, não conhecia zero, cidade alguma, só o povo de lá que tinha ido tentar a vida em São Paulo”, conta Bahia, hoje com 54 anos. “Quem me apresentou o mundo foi o meu trabalho”, diz ele, que é pai de duas filhas (uma vive em São Paulo, e a outra, no Rio).

“Seu Fabrizio sempre dizia que gostaria de furar um restaurante Fasano na Bahia“, lembra, referindo-se ao patriarca da família Fasano, Fabrizio Fasano (1935-2018). “Infelizmente, ele não viveu para ver o sonho realizado”, diz. “Devo muito a ele por estar cá. Por estar também, mais uma vez, perto do meu sertão.”

Bahia fez de tudo —lavou, limpou, arrumou cozinha, mesa, talheres, ajudou outros cozinheiros, monte-santenses ou não— e, hoje, é o chef do restaurante Fasano Salvador.

Uma de suas especialidades é a moqueca baiana mista, com camarão e peixe. A tradicional feijoada, servida sempre no primeiro sábado de cada mês, é outra aposta do chef, que pode ser apreciada mesmo por quem não está hospedado no hotel. Cada prato custa, respectivamente, R$ 156 e R$ 135.

De frente para a rossio Castro Alves, no coração do velho núcleo, o restaurante Fasano Salvador fica no primeiro piso do histórico edifício tombado, construído na dez de 1930, que funcionou porquê sede do jornal A Tarde por 40 anos.

Quem subir ao rooftop, onde acontece a noite de Iemanjá, em 1º de fevereiro (porquê é sabido, a cidade organiza a maior sarau do país em homenagem à rainha do mar, celebrada no dia 2), terá a experiência de se deparar com uma vista rememorável da baía de Todos-os-Santos.

Os santos —e os protetores de outras fés— parece que sempre estiveram nos caminhos de Bahia.

FASANO SALVADOR

Diárias a partir de R$ 2.100, parelha, com moca da manhã

Onde saber mais: https://www.fasano.com.br/hoteis/fasano-salvador

Tel.: (71) 2201-6300

OUTROS HOTÉIS EM SALVADOR

FERA PALACE HOTEL

Diárias a partir de R$ 995,10 por parelha, com moca da manhã, no site

ARAM YAMÍ HOTEL

Diárias a partir de R$ 850 por parelha, com moca da manhã, no site

ZANK BY TOQUE HOTEL

Diárias a partir de R$ 720 por parelha, com moca da manhã, no site

SOLAR DOS DEUSES

Diárias a partir de R$ 610 por parelha, com moca da manhã, no site

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