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Atacada em 2012, Rita Lee morreu como unanimidade nacional – 09/05/2023 – Tony Goes

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São Paulo

Rita Lee anunciou que o show que faria em Aracaju, no dia 28 de janeiro de 2012, seria o último de sua curso. Com unicamente 64 anos, a rainha do rock brasiliano se aposentava dos palcos –”da música, nunca”, assegurou ela. O que Rita não previu foi que, terminado o espetáculo, ela e seu marido Roberto de Roble seriam presos por desacato a autoridade.

Foi uma despedida condizente com a agenda libertária que Rita Lee defendeu ao longo de toda sua vida. Ao perceber que policiais reprimiam com violência alguns espectadores flagrados fumando maconha, a cantora e compositora não se conteve: xingou os agentes da lei de “cachorros”, “cavalos” e “filhos da puta”. Levada para uma delegacia e liberada logo depois, garantiu que não retirava uma única termo que tinha dito durante a apresentação.

Se o incidente em si já era um pouco terrível, pior ainda foi a reação de muitos internautas. Rita foi massacrada nas redes sociais. Foi chamada de criminosa e incitadora à desordem pública, e até mesmo comparada a assassinos e pedófilos.

Na era, escrevi cá no F5 que esse imbróglio sergipano era mais um sinal do processo de “encaretação” do Brasil. Toda uma geração já não reconhecia mais Rita Lee porquê a arauta de uma era de liberdade e prazer, mas sim porquê uma indivíduo demoníaca disposta a destruir a moral e os bons costumes. Terminei o texto dizendo que tinha muito temor do país caretão que estava surgindo. Eu nem imaginava o que ainda estava por vir.

Nos anos seguintes, Rita se recolheu. Seu último álbum de estúdio, “Reza”, foi lançado ainda em 2012. Depois, ela publicou alguns livros infantis e, em 2016, uma ótima autobiografia. Um segundo volume autobiográfico, “Outra Autobiografia”, sai no próximo dia 22 de maio. No novo livro, ela foca sua luta contra o cancro.

Sua última faixa inédita, “Change”, em parceria com Roberto de Roble e Gui Boratto, saiu no final de 2021, meses depois de ela mesma publicar ter recebido diagnóstico de câncer no pulmão.

Desde o proclamação da doença, Rita não foi mais vista em público. Vivendo num sítio próximo à capital paulista, ainda assim ela não desapareceu por completo. Volta e meia, ela ou Roberto publicavam fotos no Instagram.

No último dia 31 de dezembro, data de seu natalício, interagiu naquela rede com fãs que a parabenizavam. Um deles a pediu em casório, e Rita mostrou na resposta que sua irreverência continuava intacta: “Você tem verba?”.

A essa profundidade já estávamos todos aliviados, pois em abril de 2022, Rita contou que seu cancro –que ela “carinhosamente” apelidou de Jair– estava em remissão. Infelizmente, seu quadro de saúde acabou se agravando, e ela nos deixou nesta segunda (8).

Não é provável medir a imposto de Rita Lee para a cultura do Brasil. Ela foi muito mais do que a figura de proa do rock pátrio. Foi nossa maior cantora pop, sem nunca ter tido uma grande voz. Foi também a primeira brasileira a ortografar e trovar letras sobre o prazer do sexo. Antes, as nossas raras mulheres compositoras só tratavam do paixão. Rita foi a pioneira em falar da leito de um ponto de vista feminino, em hits porquê “Mania de Você” ou “Lança-Perfume”.

Ela também era sobremodo sincera, e nunca se fez de coitadinha. Ao contrário: assumiu de frente as muitas burradas que cometeu. Em seu livro autobiográfico, chega a ser chocante ler que, em meados da dezena de 1980, no auge do sucesso, casada com o grande paixão de sua vida e mãe de três filhos pequenos, Rita mergulhou tão fundo nas drogas que precisou passar um tempo longe da família.

Mas, se entrou em todas, ela também saiu de todas e sempre de cabeça erguida. Depois de muitos entreveros com a polícia, Rita já não consumia zero ilícito há muito tempo. Nos últimos anos, viveu cercada de netos, bichos e vegetais.

A reação à sua morte contrasta com aquela ao seu último show, 11 anos detrás. Rita se foi no momento em que o Brasil finalmente parece estar se desencaretando. Pelos comentários na internet, ela havia se tornado uma unanimidade pátrio. Muitos choram porquê se tivessem perdido uma amiga pessoal ou alguém da família. Nem era para menos: depois de tantas décadas de convívio, Rita Lee, uma das maiores figuras brasileiras da segunda metade do século 20, era segmento inextricável da vida de milhões de pessoas.

Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br

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