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Eu e minha prometida, ambos cegos, fomos à Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza, para irmos ao Beach Park sozinhos. Era só um passeio em um parque aquático, mas, antes da diversão, estávamos preparados para uma boa peleja.
Receávamos ter de invocar o Regime da Pessoa com Deficiência para convencer a diretoria do parque que, pagando por nossos ingressos, tínhamos o recta de entrar ali e descer em todos os toboáguas que tivéssemos vontade, sem precisar trazer junto um acompanhante que enxergasse. Para que pudéssemos aproveitar o dia de férias dessa forma, pediríamos que designassem um funcionário para nos conduzir no lugar.
Zero de novo. Minha prometida já tivera de gastar tempo de um dia de férias discutindo no mesmo parque há dois anos. Daquela vez, só teve o pedido atendido quando disse que entraria sozinha mesmo e iria por conta própria encontrando as atrações, perguntando o caminho para os demais visitantes.
Do meu lado, já havia desistido de ir a um parque de diversões em São Paulo escoltado só por pessoas ^cegas depois perguntar por e-mail uma vez que eu seria recebido e ser alertado na resposta que não forneciam qualquer serviço de séquito para pessoas com deficiência.
Era a memorandum dessas e outras experiências que tínhamos em mente quando descemos do sege de aplicativo e logo encontramos um bombeiro que poderia nos levar até a bilheteria. Ele fez uma relação e pediu que aguardássemos. ficamos apreensivos por alguns minutos. Até que conseguimos ouvir o desdobramento da conversa: “Já temos a pessoa que irá permanecer com o par”, disseram do outro lado da traço Fácil assim, parecia bom demais para ser verdade.
Ela se chamava Thaynara e logo quis saber tudo sobre nós, de onde tínhamos vindo,, idade, o que fazíamos, onde queríamos ir. Disse que ganhou o dia quando soube que iria receber clientes com deficiência. Dias antes, havia ajudado um menino com autismo, por pedido da mãe, que não conseguia seguir o rebento no parque sozinha por conta de toda a vigor e excitação do rebento ali dentro.
Perguntamos se nossa guia poderia permanecer com um de nossos celulares para fazer fotos de nós dois escorregando em alguns dos brinquedos. Logo notamos uma frustraçãozinha na voz da moça. “Vocês não precisam que eu desça nos escorregadores juntos”? Na verdade, não precisávamos, chegando até a escadaria que dava entrada a eles poderíamos nos virar. Mas animados com a empolgação dela, deixamos para depois as fotos, alugamos um armário para vigiar o celular e fomos detrás de um escorregador que se pudesse descer com uma boia para três.
A partir daí o dia avançou com tranquilidade, fora as descidas insanas, as boias parecendo querer evadir para fora dos brinquedos e meu enjoo depois de tanto rodopiar. Nossa companheira ia listando as atrações disponíveis, o nível de adrenalina e sugerindo seus favoritos, tentando nos convencer a mudar de teoria quando achávamos que qualquer não parecia tão legítimo.
Para nós, que temos deficiência visual, a incerteza sobre uma vez que seremos acolhidos não acontece só em situações radicais. Certa mortificação sobre uma vez que vai ser nossa recepção pode vir nas situações mais banais.
Será que o vendedor da loja vai nos considerar um cliente de indumento, descrever detalhes das peças e explicar suas cores? Caso não haja cardápio atingível, o garçom vai de indumento ler as opções, em vez de falar só de dois pratos e provar desconforto? O motorista de táxi vai nos deixar em um lugar seguro e explicar uma vez que fazemos para chegar aonde precisamos ou vai parar o sege no primeiro lugar que encontrar e nos deixar desorientados? Na ateneu, vai possuir professor disponível para nos levar aos aparelhos ou vamos permanecer largados na povaléu com um par de halteres?
A lista pode ser ampliada indefinidamente e são muitas as boas surpresas e também frustrações diárias. Os motivos são vários, incluindo falta de conhecimento sobre uma vez que fazer e o desinteresse em aprender.
No Ceará, terminamos aquele passeio emocionados os três, pelo momento privativo vivido e pela alegria de sentir que nossa singularidade foi respeitada. Não devia ser assim, mas sentir que somos bem-vindos com nossas demandas particulares por vezes surpreende. Naquele dia, não fomos só mais um problema com o qual os demais vão ter de mourejar depois insistência e à contragosto, e sim pessoas bem-vindas para se divertir uma vez que todos.
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