Rio de Janeiro
Escopo de uma série de ataques racistas na Espanha, o atacante Vini Jr., do Real Madrid, foi homenageado por Chico Buarque na noite desta sexta-feira (26), em Portugal. Em show na cidade do Porto, Chico dedicou “ao nosso querido Vini Jr.” a música “Sinhá”.
Composta em parceria com João Bosco em 2011, “Sinhá” rendeu à dupla o prêmio de Melhor Cantiga no Prêmio de Música Brasileira do ano seguinte. A letra, pungente, fala de um servo, culpado injustamente de ter visto Sinhá se banhar no dique. Ele tenta convencer o senhor de talento de que não deve ser penalizado por isso.
“Por que talhar meu corpo/ Eu não olhei Sinhá/ Pra quê que vosmecê/ Meus olhos vai furar/ Eu pranto em iorubá/ Mas oro por Jesus/ Pra quê que vassumcê/ Me tira a luz”, diz um trecho da música, cantada por Chico um mês depois de o compositor receber, em Lisboa, o Prêmio Camões. O reconhecimento chegou quatro anos de delongado por causa da recusa do então presidente Jair Bolsonaro em assinar a documentação para que ele recebesse o diploma.
Em seu oração, à estação, disse: “Tenho avós negros e indígenas, cujos nomes os meus avós brancos trataram de suprimir da história familiar. Porquê a maioria do povo brasílico, trago nas veias sangue do açoitado e do açoitador.”
As homenagens não pararam por aí. No show desta sexta, Chico voltou a fazer um tributo a Gal Costa, uma vez que vem acontecendo na turnê “Que Tal Um Samba?”. Ao trovar “Milénio Perdões” composta por ele e gravada por ela no álbum Baby Gal (1983), o telão exibiu uma imagem da amiga e parceira, morta em novembro pretérito, em mais um momento emocionante da noite.