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Veja como é a casa de Manoel de Barros em Campo Grande – 24/10/2023 – Turismo

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Quantos anos um varão leva para permanecer velho?

Ora, “poeta nunca bota data de existência”, Manoel de Barros começa assim a responder a pergunta que ele mesmo levantou. Conclui o texto em letras tão miúdas que é melhor sacar a lupa à disposição na mesinha: “Tenho em mim ainda o frescor das palavras iniciais”.

Esse manuscrito e outras porções literárias do poeta, entre os maiores que o Brasil já teve, estão preservadas na Lar-Quintal Manoel de Barros. Ali, num bairro de escol em Campo Grande (MS), o responsável de “O Livro das Ignorãças” viveu suas últimas três décadas, até morrer, em 2014, aos 97 anos.

Ele e a esposa, Stella, com quem acumulou 64 anos de tálamo, negociaram com o arquiteto cada quina. Manoel, por exemplo, cismou que queria uma mansão feita de tijolos em pé. Um pouco tecnicamente inviável para o todo, mas que prevaleceu em alguns pontos do imóvel, uma vez que a frontaria.

Nunca pararia de pé uma versão convencional do fundador de versos uma vez que “tudo que não invento é falso”. Herdada por um neto, Silvestre, a residência hoje é um museu para acessar a literatura e também a intimidade de Manoel, um varão de natureza tímida, que recorria a uma ração de coragem para receber eventuais visitantes.

Ele sentava no lado recta do sofá, espaço cativo seu, e tomava seu uísque com pedra de gelo feita da chuva de coco, para relaxar e engatar conversas menos acanhadas. Stella costumava oferecer seus famosos pães de queijo para os convidados. Servia-os numa sala onde hoje ficam à mostra segmento da coleção de vinis de Manoel. De Beethoven, de quem colecionou mais de 20 discos, a Gilberto Gil.

Ainda no terreno artístico, era fã de Miró, Picasso e Charles Chaplin. E também um noveleiro confesso —viu inclusive a primeira versão de “Pantanal“, o folhetim batizado com o nome da região onde ele morou por um tempo, numa fazenda herdada do pai, a Santa Cruz, até se mudar para a mansão em Campo Grande.

Manoel é de Cuiabá (MT), mas foi estudar no Rio, uma vez que tantos jovens muito de vida da sua geração, e se afeiçoou pela logo capital do Brasil. Diplomado em recta, queria vender o terreno de 14 milénio hectares numa dimensão pantaneira chamada de Nhecolândia. Sua teoria era pegar a grana e transfixar uma pequena editora em terras cariocas.

Foi Stella quem balançou a cabeça em negativo. Manoel cedeu, ficou com a quinta e por quase uma dez não escreveu um poeminha sequer. O parelha se mudou para lá com o recém-nascido João, enquanto Martha e Pedro, os filhos mais velhos, ficaram num internato no Rio.

Manoel tocava os dias uma vez que um típico quinteiro, saindo a cavalo e tratando bezerros feridos por parasitas. Os tantos passarinhos que sobrevoam sua obra vêm da zona rústico que o abrigou na puerícia e depois, na tempo mais adulta. Mas odiava ser chamado de “poeta do Pantanal”, rótulo que a prensa tentou lhe impingir por anos.

Preferia ser o “poeta das palavras”, e elas voltariam com tudo em seu cotidiano, pretérito o período de estiagem literária. “Ele lança um livro um detrás do outro, e [ganha] premiações também, escrevendo até próximo de morrer”, lembra Valéria Arruda, um dos seis voluntários que se revezam para recepcionar interessados em saber o museu.

As visitas, sempre guiadas e para pequenos grupos, têm que ser agendadas previamente, pela plataforma Sympla. Sugere-se uma imposto de R$ 35.

Arruda intercala o tour pelo endereço com historietas sobre seu possessor, uma vez que o hábito de tomar goles de uísque sentado numa poltrona posicionada na porta do quintal, de modo que o sol esquentasse seus pés. Uma vez que nem só de goró vive o varão, ele tomava todo dia uma mistura com guaraná em pó, sistematicamente mexida com três colheradas.

Alguns rearranjos dão ares museológicos para o lar, uma vez que as projeções sobre a colcha branca na leito onde Manoel e Stella dormiam. A estrutura está até hoje enxurro de remendos, porque eles tinham hábito de gastar os móveis até o limite. Só os descartavam quando não tinha mais nenhum uso. Mesmo a rede no quintal só era jogada fora quando enfim rasgava, em seguida uma intensa vida útil. Dela os moradores contemplavam uma jabuticabeira plantada quando se mudaram, em 1986.

O projeto da mansão tem preocupações com sustentabilidade que, se hoje andam mais populares, garantiam pioneirismo nos anos 1980, quando foi tirado do papel. Os cômodos têm farta ingresso de luz e ar, para forrar pujança, e jardins ocupando seus vãos.

Há ainda elementos colhidos de temporadas de Manoel no exterior. A referência para o corrimão metálico, que soava até metido a besta para a quadra, veio de Novidade York.

Outro cômodo, antes usado uma vez que um repositório, foi adequado para racontar frações da vida de Manoel. Valéria Arruda, a guia do dia, lembra do dia em que ele foi impedido pela polícia de Getúlio Vargas. Ainda estava no primeiro ano da faculdade de recta, em 1934, quando um solene encontrou uma folheto no quarto de pensão que alugava. O material foi tachado de comunista.

“Nossa Senhora de Minha Negrume”, que seria seu primeiro livro, foi confiscado e nunca mais viu a luz do dia. Manoel, que depois até se filiaria ao Partido Comunista, chegou a divertir que justo aquela era sua obra mais religiosa.

A estreia literária veio três anos depois. Chamou o livro de “Poemas Concebidos sem Perversão”.

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