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Palmirinha foi avó autêntica em meio à ‘cozinha afetiva’ de araque – 07/05/2023 – Cozinha Bruta

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Estive com Palmirinha por uma hora, mais ou menos, na gravação de um programa da extinta rádio Orbe em São Paulo.

Palmirinha era o que parecia ser. Era o que era. Não encenava uma personagem. Era autêntica, o que talvez explique seu sucesso numa idade em que os programas de culinária para donas de mansão já estavam aposentados ou repaginados –com chefs homens no lugar das avozinhas.

Por uma hora, mais ou menos, estive com uma avozinha arquetípica. Com roupas de avozinha, modos de avozinha e uma simpatia fora do generalidade. Palmirinha teve uma vida heavy metal, abusada pela mãe e pelo marido, mas reagiu à violência em ritmo de valsa, foxtrot e bom-bocado.

Palmirinha tratava a todos, sem relevo, porquê se fossem seus netos. Não era preciso mais do que uma hora, mais ou menos, para perceber isso. Eu, que sou ímpio, quase pedi a bênção quando fui me despedir dela.

Palmirinha foi a última de uma linhagem de apresentadoras cuja missão era ensinar receitas à mulher que precisava nutrir a família e conseguir uma renda extra sem trespassar de mansão. Vinha da mesma linhagem de Ofélia Ramos Anunciato, da “Cozinha Maravilhosa de Ofélia”, um clássico dos anos 1970 e 80.

Era um festival de salpicão, panqueca de músculos, torta fria de atum, torta quente de frango, arroz de forno, abobrinha recheada, bolo de nozes, espuma de abacaxi e mosaico de gelatina.

Todo o repertório rendeiro e meio arcaico que se via também nas páginas da revista Claudia Cozinha, sob a batuta da maior de todas as culinaristas, Bettina Orrico.

Palmirinha chegou toda vovozinha quando o mundo já havia deliberado –mui corretamente– que era contraditório ensinar tarefas domésticas para mulheres “do lar” na TV oportunidade.

Óbvio que o estilo de programa culinário persistiu na programação matutino, com uma série de ajustes cosméticos e estruturais. Trouxeram homens, porquê Edu Guedes, para mostrar que não, aquilo não era coisa de dona de mansão. Empregaram mulheres cada vez mais empoderadas, de Ana Maria Braga a Rita Lobo.

De resto, a ênfase nos programas de cozinha se voltou para os chefs-celebridades e seu receituário muitas vezes inexequível: Jamie Oliver, Nigella Lawson, Claude Troigros, Alex Atala.

E Palmirinha. A vovó continuava lá, firme porquê uma rocha, e todo mundo gostava dela.

Palmirinha cozinhava comida de avó raiz quando virou “trend”, no setor, o apelo marqueteiro vazio de expressões porquê “cozinha afetiva” –desgastadas por chefs de formação universitária que servem caldo de jerimum na ingresso e manjar de coco na sobremesa.

As pessoas não são burras, a despeito de toda a evidência em contrário. Elas perceberam que Palmirinha era verdadeira.

A bênção, vó. Fica com Deus.


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