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Muitos lugares de má fama podem ser bastante atraentes para turistas – 03/05/2023 – Josimar Melo

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Numa conversa recente, quando mencionei uma viagem à Colômbia, ouvi de uma pessoa seu receio de ir àquele país por considerá-lo inseguro.

E pensei logo em porquê a imagem de um lugar pode ser afetada, por longo tempo, pelo temor que seus problemas políticos, econômicos ou sociais podem ter gerado em qualquer período de sua história.

Foi uma surpresa para meu interlocutor quando lhe contei que o verdadeiro estado de guerra em que viveu a Colômbia por muitos anos, por conflitos dos governos com organizações políticas ou com o delito organizado, já não dominava o cenário do país.

Uma cidade pujante porquê Bogotá ainda tem esquemas de segurança visíveis, mas não o clima de tensão que reinava na estação em que um sequestro podia intercorrer a qualquer momento a seu lado.

E Medellín, que até hoje nos seriados de TV aparece porquê refém de cartéis de narcotraficantes (o que foi mesmo), merece mais do que nunca uma visitante, por sua urbanidade (é das campeãs em ciclovias no mundo), por sua topografia, por sua inclusão (um lindo teleférico une rapidamente o meio a sua periferia da serra).

O delito organizado corrompe políticos locais e autoridades nacionais, em países porquê o México (onde há cidades virtualmente controladas por traficantes) ou em cidades porquê o Rio de Janeiro (onde milicianos e narcotráfico dominam regiões inteiras e até confraternizam com recente ex-ocupante do Palácio do Planalto). Mas esses locais têm, não obstante, enormes atrativos para quem os visitante. Além do mais, com um mínimo de informação, não é difícil para o turista evitar situações de risco.

Logo me pus a pensar em lugares do mundo que pareciam assustadores e que, portanto, os turistas os evitavam.

Não falo de locais que me dão engulhos por seus regimes políticos —tenho possante resistência a visitar ditaduras e autocracias, mas já o fiz por responsabilidade profissional e, ainda que me deem alergia, constatei o óbvio: ditaduras são perigosas para seus cidadãos, mas não necessariamente para turistas.

De toda forma, estava pensando mais em regiões que, pelas notícias que temos, seriam áreas de conflito, perigosas para quem estiver por perto, morador ou visitante.

Não fui checar nenhuma delas, mas, pelo que depreendi, um país porquê o Afeganistão, que parece estar sempre em estado de guerra, pode ser muito amigável com turistas –até pela raridade da presença destes.

No Paquistão, além das festas populares e templos budistas, há as belezas naturais da geografia do vale Kalash.

No Iraque, nem é preciso passar por Bagdá se quiser visitar a região do Curdistão, onde a hospitalidade inclui o retardamento dos obstáculos estúpidos da religião, o que facilita o consumo de bebidas alcoólicas e permite que mulheres possam rodear sem tapar a cabeça.

A Somália, país do qual só costumamos receber notícias ruins, porquê se o lugar fosse um cenário de Mad Max governado por milícias bolsonaristas, tem também seu bolsão turístico. Labareda-se Somalilândia, uma país que proclamou sua independência (pouco reconhecida mundo afora), vive em silêncio e exibe riquezas arqueológicas, porquê as valiosas obras de arte rupestre pré-históricas.

Repito que não visitei nem faço cá uma recomendação de visitante a esses lugares, estou unicamente compartilhando minhas pesquisas sobre eles, quase sempre tidos porquê muito perigosos. Se vou visitá-los, não sei. Mas porquê vivo em São Paulo há décadas, e o único lugar do mundo onde fui assaltado não foi cá, mas sim em… Londres, por que não malparar?


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