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Novos estudos publicados nesta semana revelam que a avaliação de microRNA no sangue de pacientes pode ser usada para a identificação do Alzheimer ainda no seu estado precoce. Fornecer esse diagnóstico no momento correto é a chave, segundo os autores da pesquisa, para prevenir a evolução da doença e pode ajudar na eficiência dos tratamentos. Os trabalhos ainda estão em fases preliminares.
Atualmente, o diagnóstico é feito em diferentes etapas. Segundo Claudia Suemoto, pesquisadora e professora da USP (Universidade de São Paulo), antes de investigar a ocorrência de Alzheimer, o paciente tem que ser diagnosticado com demência pela apresentação de sinais e sintomas, porquê alterações de memória e linguagem ou dificuldade de tomada de decisão, que atrapalhem a autonomia da pessoa no dia a dia.
Uma vez que a demência seja confirmada por testes cognitivos, o primeiro procedimento médico é buscar causas reversíveis para essa perda de cognição por meio de exames de neuroimagem ou de sangue. Só quando descartadas essas possibilidades que o técnico irá investigar a ocorrência de Alzheimer, e os testes de biomarcadores poderão entrar em cena.
Suemoto ressalta que, no Brasil, esses testes estão disponíveis em poucos laboratórios, alguns dos quais devem enviar as amostras para serem analisadas nos Estados Unidos. Por isso, os testes de biomarcadores são ainda muito caros e indisponíveis para a maioria da população e essa prática clínica não está disseminada.
Uma selecção para o diagnóstico cada vez mais popular é o examinação de biomarcadores, dentre os quais os mais conhecidos do Alzheimer são as proteínas beta-amiloide e tau, que se proliferam no cérebro do paciente e causam a neurodegeneração. Essas substâncias podem ser identificadas em exames do tecido cerebral, de imagem ou por análises do líquido cefalorraquidiano e do plasma.
Existem, entretanto, outros sinais do desenvolvimento da doença. Um deles são os micro-RNAs plasmáticos (miRNAs). O meio envolvente e nosso estilo de vida é capaz de controlar a forma na qual nosso código genético se expressa, e essas moléculas são as responsáveis por promover esse diálogo. Assim elas estão diretamente relacionadas com a neurodegeneração, entre outros processos.
Outrossim, os miRNAs se manifestam no sangue anos antes do que as proteínas do Alzheimer. Por isso, eles podem ser uma utensílio útil para revelar a janela de tempo ideal para iniciar um tratamento ou uma mediação preventiva. Essa janela consiste no momento em que o quadro do paciente está evoluindo de uma deficiência cognitiva ligeiro para a demência.
Acreditando que medir os miRNAs pode levar ao surgimento de um examinação para o Alzheimer mais econômico e alcançável e menos invasivo, os pesquisadores dos Estados Unidos e da Alemanha trabalharam, primeiro, para identificar quais dessas moléculas estão envolvidas na evolução da demência.
Para isso, usaram os dados da Alzheimer’s Disease Neuroimaging Initiative, um grande estudo multicêntrico talhado à coleta de dados de pacientes da doença em todo o mundo. De posse das informações de saúde de mais de 800 pacientes, os cientistas descobriram nove miRNAs associados à presença de proteínas beta-amiloides, dois associados à tau e outras oitos relacionadas com a neurodegeneração. Esses resultados foram publicados na revista científica Alzheimer’s & Dementia.
A segunda temporada da pesquisa consistiu em examinar amostras de plasma de mais de 800 pacientes, alguns saudáveis e outros com comprometimento cognitivo ligeiro ou demência, na procura da presença dos miRNAs identificados anteriormente. Outrossim, os pacientes foram submetidos a testes neuropsicológicos que são normalmente aplicados para a identificação do Alzheimer.
Os resultados da pesquisa, também divulgados na Alzheimer’s & Dementia, revelaram que, combinados, os exames de miRNA aumentam a precisão dos testes neuropsicológicos e conduzem a uma identificação correta do estágio de evolução da neurodegeneração. Além de fornecer uma selecção diagnóstica, a novidade técnica ajuda na compreensão da evolução da doença e pode contribuir para estudos futuros
Ivan Okamoto, neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein, diz, entretanto, que novas metodologias para o diagnóstico de Alzheimer ainda precisam de validação, mormente os exames de sangue. Em privado, é preciso também estimar a reprodutibilidade dessas análises para a população brasileira, visto que a maior segmento da pesquisa é realizada na Europa e nos Estados Unidos.
Segundo os pesquisadores, os miRNAs são biomarcadores estáveis e envolvidos em vias metabólicas múltiplas, porquê neuroinflamação ou disfunção de sinapse. Esses aspectos os tornam alvos ideais para estudos. Sobretudo, eles foram capazes de ajudar na previsão da evolução de pacientes com transtornos cognitivos mais leves para um cenário de demência, momento chave para implementar medidas de prevenção ou tratamento mais eficazes.
Suemoto observa que, ainda mais importante que o diagnóstico, é a prevenção da doença. A eliminação de 14 fatores de risco é capaz de reduzir os riscos da doença para quase 50% das pessoas. Entre eles estão o nível educacional, a perda auditiva, depressão, obesidade, tabagismo, hipertensão, diabetes, isolamento social e poluição do ar. Agora, em 2024, dois novos fatores, perda visual e colesterol LDL cocuruto, foram reconhecidos pela comunidade científica internacional e publicados pela Lancet Comission.
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