Início Saúde Conheça Alves Ribeiro, 1º médico brasileiro de Harvard – 02/04/2024 – Equilíbrio...

Conheça Alves Ribeiro, 1º médico brasileiro de Harvard – 02/04/2024 – Equilíbrio e Saúde

88
0

[ad_1]

Quando nos deparamos com um personagem que acumulou feitos notáveis durante a vida, costumamos expor que “esteve avante de seu tempo”.

Mas, para o historiador Eduardo Vasconcelos, professor da Universidade Estadual de Goiás, não parece adequado usar essa frase para definir a trajetória de Joaquim Antonio Alves Ribeiro, o primeiro brasílico a se formar em medicina na prestigiada Universidade Harvard, nos EUA, no ano de 1853.

Na avaliação dele, Alves Ribeiro foi precisamente “um varão de seu tempo”.

Depois de formar-se nos Estados Unidos, ele voltou para a terreno natal, onde virou “médico da pobreza”, foi o primeiro profissional contratado pela Santa Mansão de Misericórdia de Fortaleza, ajudou a mourejar com problemas de saúde pública e trouxe inovações tecnológicas ao Brasil.

O dr. Alves Ribeiro também publicou um livro para facilitar o trabalho das parteiras e criou uma das primeiras publicações médico-científicas do país – batizada de “A Lancêta”, numa provável menção ao tradicional periódico científico inglês The Lancet.

E mais: o médico ainda fundou o primeiro museu do Ceará, a partir de uma coleção de objetos de história procedente (fósseis, penas, pedras…) que reuniu durante a vida.

Apesar desses feitos, a trajetória de Alves Ribeiro passou praticamente sem invocar a atenção de quase ninguém por mais de um século e meio – por fatos e contextos que, em diferentes níveis, afetaram (e ainda afetam) o Ceará, o Brasil e o mundo.

Mas, uma vez que você vai saber ao longo desta reportagem, o trabalho de pesquisa de Vasconcelos ajudou a desenterrar a história.

De Icó a Cambridge

Vasconcelos ouviu falar no dr. Alves Ribeiro pela primeira vez quando ainda estava fazendo a graduação em história na Universidade Federalista do Ceará.

“Lembro de ler um boletim que mencionava o traje de o primeiro museu do Ceará ter sido fundado pelo ‘saudoso médico Joaquim Antonio Ribeiro'”, destaca ele.

“Isso acendeu uma luz na minha cabeça. Queria saber quem foi esse cidadão e por que ninguém falava dele.”

“Em seguida alguma pesquisa, não encontrei muitas informações sobre Alves Ribeiro nem em publicações locais, regionais, nacionais ou internacionais. Havia um silêncio, uma obliteração com relação a esse cidadão”, constata Vasconcelos.

Em seguida concluir o mestrado em história da ciência pela Instauração Oswaldo Cruz (FioCruz), no Rio de Janeiro, o pesquisador decidiu destinar seu doutorado, realizado na Universidade Federalista do Rio Grande do Sul (UFRGS), a desvendar quem de traje foi esse médico cearense que viveu no século 19.

A tese de doutorado virou o livro A Ciência Peculiar de Joaquim Antonio Alves Ribeiro, publicado recentemente pela Editora Cancioneiro. O responsável também criou um site para reunir e compartilhar informações sobre o cearense.

“Minha pretensão não era fazer uma biografia e explicitar detalhadamente todos os aspectos da vida de Alves Ribeiro, mas, sim, iluminar algumas de suas ações e atividades científicas”, pondera o pesquisador.

Há pouquíssimas informações sobre os anos de juventude desse personagem: sabe-se somente que ele nasceu em 1830 na cidade de Icó, na região sul do Ceará.

“Até o início da formação médica, não se conhece praticamente zero sobre ele, pois não foram identificados documentos ou informações concretas”, admite Vasconcelos.

Os fatos começam a permanecer mais sólidos a partir dos anos em que ele cursou medicina em Harvard, onde obteve o diploma em 1853.

Vale lembrar cá que, à idade, essa universidade americana não tinha o prestígio internacional dos dias de hoje – uma vez que o próprio historiador escreve no livro, as elites brasileiras sempre preferiam mandar os filhos para estudar em instituições europeias, uma vez que as universidades de Coimbra, em Portugal, ou de Montpellier, na França.

Mas o que fez Alves Ribeiro optar por Harvard? Vasconcelos não tem nenhum documento que comprove os motivos da escolha, mas a pesquisa permite que ele faça algumas conjecturas.

“O pai de Alves Ribeiro tinha terras e criava manada para o fornecimento de epiderme. A família dele estava inserida no contexto da ocupação do sertão”, contextualiza o pesquisador.

“É verosímil que o pai dele tivesse contato com qualquer negociante estrangeiro, em próprio dos EUA ou do Reino Unificado, para quem pode ter pedido sugestões sobre onde estudar fora”, especula.

“A partir de 1847, tivemos também uma crise econômica internacional que elevou os preços globais e valorizou as principais moedas europeias.”

Nesse cenário, estudar nos Estados Unidos possivelmente virou uma opção mais viável.

“As universidades americanas eram boas e mais baratas. Outrossim, o processo de seleção era relativamente simples, com provas de latim, matemática e inglês”, acrescenta o historiador.

Especulações à segmento, Alves Ribeiro de traje zarpou para os Estados Unidos e estudou medicina na Universidade Harvard – uma vez que mencionado anteriormente, ele se formou em 1853.

Durante as pesquisas para o doutorado, Vasconcelos avaliou listas de matrículas para se confirmar que o cearense havia sido de traje o primeiro brasílico a ingressar no curso de Medicina da instituição.

Ele até identificou que, nos registros de Harvard de 1833-34 e 1836-37, há menção a dois estudantes que tinham o sobrenome White. Eles são identificados uma vez que “naturais do Rio de Janeiro, Brasil”.

“Mas White não é um nome zero geral para o Brasil do século 19… Eu acredito que eles tinham alguma prosápia anglo-saxã, ou eram filhos de representantes comerciais ou diplomáticos dos Estados Unidos ou do Reino Unificado”, avalia Vasconcelos.

“Com isso, à luz dos documentos pesquisados, é verosímil expor que, até o presente momento, Joaquim Antonio Alves Ribeiro foi o primeiro brasílico não progénito de estrangeiros, rebento de brasileiros natos, que se formou em medicina por Harvard”, conclui ele.

O bom rebento a morada torna

Em seguida a formação, Alves Ribeiro voltou ao Brasil e precisou revalidar o diploma antes de poder atuar uma vez que médico no país. Ele cumpriu essa lanço, que é exigida até os dias de hoje, na Faculdade de Medicina da Bahia.

Na sequência, ele se mudou para o interno do Rio Grande do Setentrião, onde foi contratado para mourejar com uma epidemia.

“Ele passou muro de um ano lá, mas logo foi embora porque se deparou com atrasos de salários e condições ruins de trabalho”, destaca Vasconcelos.

Depois, ele estabeleceu um consultório pessoal em Recife, Pernambuco, onde permaneceu por três anos.

“Ele recebia pacientes brasileiros e da comunidade internacional, pois fazia atendimentos em inglês e galicismo”, detalha o historiador.

Em seguida essa experiência, Alves Ribeiro decidiu voltar ao seu Estado natal. Desde a dez de 1830, o governo do Ceará mantinha um incumbência publicado uma vez que “médico da pobreza”.

Curiosidade histórica: essa função foi instituída durante o governo de José Martiniano Pereira de Alencar, o pai do noticiarista José de Alencar, responsável de clássicos uma vez que Iracema, Senhora e O Guarani.

“O médico da pobreza era pago pelo governo da província para atender as pessoas com problemas de saúde que não tinham moeda para custear uma consulta”, resume Vasconcelos.

Num cenário onde não existia qualquer rascunho de saúde pública, essa era uma forma de oferecer qualquer tipo de atendimento a quem mais precisava.

O pesquisador destaca que, à idade, a figura do médico não tinha o prestígio e a domínio dos dias de hoje.

Até os idos de 1860, a medicina sequer sabia o que causava a maioria das doenças – bactérias, vírus e outros patógenos eram desconhecidos, e demoraria mais de meio século até que os antibióticos estivessem disponíveis.

“Principalmente entre as camadas mais populares, o médico disputava espaço com outros agentes de trato, uma vez que as benzedeiras, os xamãs e os raizeiros”, lista Vasconcelos.

Alves Ribeiro trabalhou justamente nesse universo, onde precisou mourejar com epidemias, contaminações de açudes e outros males que atingiam a província.

“Em março de 1871, é criado o primeiro hospital de humanitarismo do Ceará, a Santa Mansão de Misericórdia que, está em funcionamento até os dias de hoje”, diz o responsável.

“E Alves Ribeiro se torna o primeiro médico da Santa Mansão de Fortaleza”, complementa.

Ele também se notabilizou por estar em contato com as novidades e adotar tecnologias inovadoras da idade.

Um dos aparatos que o médico incorporou na prática foi o insensibilizador, um aparelho que borrifava éter para “anestesiar” os pacientes e diminuir a dor durante procedimentos cirúrgicos, uma vez que amputações, extrações de dentes, queima de tumores e até cesarianas.

A Jornal Médica da Bahia, um periódico especializado, fez um cláusula sobre o tal insensibilizador em julho de 1866.

“Os primeiros ensaios [no Brasil com o insensibilizador] de que temos notícias foram feitos no Ceará pelo nosso ilustre colega Sr. Dr. J. A. A. Ribeiro.”

O próprio Alves Ribeiro contribui para o cláusula, ao compartilhar um pouco de sua experiência com a novidade tecnologia – o que denota um outro traço importante da personalidade do médico, sobre o qual falaremos adiante.

O valor da notícia em saúde

O médico cearense também se destacou pelas publicações que fez durante a vida.

A mais famosa delas se labareda Manual da Parteira, ou Pequena Compilação de Conselhos na Arte de Partejar, Escrita em Linguagem Familiar.

Por meio de um texto conseguível e do uso de imagens, Alves Ribeiro compilou uma série de orientações sobre uma vez que realizar um parto com sucesso.

“Uma vez que médico, ele sabia que precisava socializar as informações”, diz Vasconcelos.

“Ele tinha essa preocupação recorrente, até porque a prevenção e o tratamento de surtos, epidemias e outras questões de saúde dependia de uma abordagem coletiva.”

O historiador explica que, à idade, certamente existia uma enorme demanda por informações em temas de saúde.

“Precisamos ter em mente que o Ceará é grande. Uma mulher que entrava em trabalho de parto no Crato, a 600 km da capital, não chegaria a tempo à Santa Mansão em Fortaleza. E seguramente o médico também não conseguiria se mudar até o sítio para socorrê-la”, conta ele.

“O Manual da Parteira surge da urgência de suprir a comunidade com informações de uma maneira simples, com imagens, para que a maioria das pessoas conseguisse ler e interpretar.”

Alves Ribeiro ainda foi a mente por trás da geração periódico científico A Lancêta, um dos primeiros do gênero no Brasil, em 1862

Vasconcelos revela que o médico conhecia o jornal The Lancet, fundado em 1823 no Reino Unificado. Ele chegou a enviar correspondências à pubicação britânica em 1858.

Portanto, o nome aportuguesado d’A Lancêta, que tratava de temas relacionados a medicina, fisiologia, cirurgia e química, entre outros, para um público especializado, pode ser interpretado uma vez que uma espécie de homenagem.

“Nesse sentido, ao intitular o jornal uma vez que A Lancêta, o dr. Alves Ribeiro desejava que a folha médica tivesse características análogas ao instrumento cirúrgico, já que, uma vez que médico, ele estava habilitado a manusear tanto a lanceta de traje, o instrumento, quanto a lanceta uma vez que figura alegórica, o jornal, por meio do qual a termo impressa também poderia ou deveria provocar cortes e incisões nos debates em tarifa”, escreve Vasconcelos no livro.

Durante a pesquisa, o historiador encontrou seis edições disponíveis do periódico. “Ele se propunha a ser uma espécie de redondel pública para discutir e refletir sobre o que estava acontecendo na medicina”, caracteriza ele.

O gabinete de História Originário

Mas os interesses de Alves Ribeiro iam além da sua profissão: no final da dez de 1850, ele começou a colecionar objetos de história procedente, uma vez que animais taxidermizados, minerais, moedas e artefatos indígenas.

Em 1867, o médico resolveu terebrar sua coleção para visitação pública. Ele cobrava uma taxa para manter a exposição.

Um jornal da idade publicou: “Amanhã abrir-se-á às 4 horas da tarde o Museu de História Originário na rua da Boa Vista, esquina da travessa Municipal. Também estará simples todos os domingos e dias santos à mesma hora.”

“Os bilhetes vendem-se à porta do prédio a 500 réis cada um. O proprietário, não mirando interesse pecuniário, é, porém, obrigado a taxar aos visitantes essa gorjeta [quantia], a termo de ocorrer às despesas com o estabelecimento, e à compra de novos produtos”, finaliza o proclamação

O gabinete de história procedente é considerado o primeiro museu criado no Ceará – e um dos pioneiros nesta espaço do conhecimento de todo o Brasil.

No início da dez de 1870, Alves Ribeiro decidiu doar toda a sua coleção para o governo estadual, que a partir dos objetos criou o Museu Provincial, que funcionava no mesmo prédio da livraria pública.

Vasconcelos entende que o interesse do médico em história procedente está relacionado à formação dele em Harvard.

“John Collins Warren, um decano da Escola de Medicina de Harvard, tinha uma coleção de História Originário que foi posteriormente doada à universidade”, diz o professor.

“Essas coleções reuniam diversos elementos da vida, uma vez que esqueletos, fósseis, animais, moedas, pedras, enfim, tudo que fosse exótico e dissemelhante.”

“Nesse sentido, Alves Ribeiro é um varão de seu tempo, e sempre buscava conhecimento e as últimas novidades da ciência”, complementa ele.

Esquecido pela história

Mas com uma trajetória tão interessante e enxurro de características únicas, por que Alves Ribeiro não é um personagem mais publicado e estudado?

Na visão de Vasconcelos, isso se deve a dois fatores principais, que envolvem o Ceará, o Brasil e o mundo inteiro.

Em primeiro lugar, é preciso resgatar dois acontecimentos globais da idade. De um lado do Atlântico, o Reino Unificado passava pela Segunda Revolução Industrial, pautada na fabricação de produtos têxteis.

Do outro, os Estados Unidos – até logo a maior natividade de algodão para as fábricas britânicas – se engalfinharam em crises internas que culminaram na Guerra de Secessão a partir de 1861.

“A Inglaterra teve que buscar outros fornecedores ao volta do mundo, em próprio na América Latina e na África. E, particularmente no Brasil, o semiárido nordestino possui o algodoeiro mocó, que não provê produtos numa grande qualidade quando comparado aos fios egípcios, por exemplo, mas pode ser utilizado para fabricar produtos de segunda ou terceira risca”, explica o historiador.

Nesse contexto, o Ceará virou um grande fornecedor de algodão, enriqueceu e se tornou uma província com melhores condições, apesar de afastada da capital, no Rio de Janeiro.

“Mas, a partir de 1877, essa região foi assolada por uma grande seca que impossibilitou o cultivo do algodão”, complementa Vasconcelos.

“Os historiadores logo pegam esse recorte pós-1877 e concluem que não pode ter existido ali produção intelectual e científica. O Ceará passou a ser entendido somente uma vez que um lugar de seca, cangaço, messianismo e mandonismo”, diz o perito.

“Mas Alves Ribeiro antecede uma série de marcos referenciais. Ele é o varão que vem antes da seca e de todo esse processo”, avalia ele.

Para fechar, outro motivo que Vasconcelos aponta para o primeiro médico brasílico formado em Harvard ser um ilustre ignoto tem a ver com uma falta da “historiografia vernáculo”, que ignora o que acontecia fora do eixo político-econômico do país.

“Os historiadores olham a ciência uma vez que uma atividade custosa, que exige muito moeda. Portanto, no século 19, ela só poderia ser feita no Rio de Janeiro e, pouco depois, em São Paulo”, interpreta ele.

“A produção historiográfica de hoje privilegia a Ciência realizada somente no Sudeste, principalmente em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.”

“Mas essa tendência ignora histórias profícuas, de personagens que viveram em outros lugares e deveriam estar nesse panteão das atividades científicas realizadas no Brasil, uma vez que o próprio dr. Alves Ribeiro”, conclui ele.

O médico cearense morreu em 1875, aos 45 anos, vítima de um cancro de estômago.

Nascente texto foi publicado originalmente aqui.

[ad_2]

Artigo anteriorComo amadurecer abacate com 5 métodos práticos
Próximo artigo4 cuidados para manter os cabelos grisalhos bonitos e saudáveis