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Andrew Ridgeley fala de George Michael e da vida pós-Wham! – 08/07/2023 – Música

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The New York Times

Se você não foi jovem em 1984, pode ser difícil entender isso, mas lá vai: há membros da geração X que ainda se lembram de onde estavam na primeira vez que viram o vídeo do hino pop “Wake Me Up Before You Go-Go”, do Wham!.

No vídeo, George Michael e Andrew Ridgeley, os galãs e vocalistas do Wham!, exibem sorrisos rasgados e shortinhos de praia enquanto tocam seu contagiante bop –tal qual título vem de um bilhete que Ridgeley uma vez deixou na porta da geladeira de sua mansão— para um público pequeno de fãs. Havia luvas sem dedos, pintura facial neon, camisetas brancas estampadas com “Choose Life” que não tinham zero a ver com monstro: era uma sarau de dança new wave para jovens descolados que achavam que o Motley Crue já era.

Ridgeley, que completou 60 anos em janeiro, recorda que fazer o vídeo foi superdivertido. “Foi o primeiro vídeo que fizemos com uma plateia”, ele disse em entrevista recente que deu por vídeo de sua mansão em Londres. “O envolvente estava elétrico, instigante.”

Ele e seu colega de orquestra são o tema de “Wham!”, documentário que estreou na última quarta-feira (5) na Netflix. Dirigido por Chris Smith, o filme mapeia a subida do grupo britânico para o estrelato pop, começando com sua participação marcante no programa de música Top of the Pops em 1982 e continuando com o sucesso global que se seguiu aos álbuns “Fantastic” (1983) e “Make It Big” (1984), para concluir com o concerto de despedida em Londres em 1986.

O filme, ele próprio dirigido uma vez que um vídeo pop, explica uma vez que o misto moderno de disco, funk, pop e soul da dupla, em canções uma vez que “Young Guns (Go for It)”, “Careless Whisper” e “Freedom”, ajudou a fazer do Wham! um dos maiores grupos pop do final do século 20, apesar de ter durado somente quatro anos. Diferentemente de bandas que se desfizeram em função de diferenças artísticas ou pessoais, o Wham! não teve uma subida e queda. “Foi subida, subida e aí eles resolveram parar”, disse Smith.

E, segundo contou Ridgeley, ele e George Michael não romperam. Em vez disso, “levaram o Wham! a uma desfecho da maneira que nós mesmo escolhemos”.

Os fãs talvez se decepcionem ao saber que, no documentário, Ridgeley é ouvido, mas não é visto uma vez que ele é hoje –elegante e patrício, com cabelos grisalhos e sorriso ainda irreverente. Smith disse que se Ridgeley aparecesse diante da câmera, mas Michael não –ele morreu sete anos detrás, aos 53 anos de idade—, as aspirações míticas do filme teriam ficado desequilibradas.

Ridgeley me disse que, depois do Wham!, ele e Michael deixaram de viver lado a lado o tempo todo, uma vez que haviam feito desde que eram crianças. Mas o vínculo entre os dois continuou firme e potente.

Se Ridgeley está cansado de ser publicado sobretudo por sua amizade com Michael, ele não o demonstrou. Ele se animou quando falou de Michael, cuja morte o fez sentir “uma vez que se o firmamento tivesse tombado”, uma vez que ele disse em 2017. Mas não pareceu muito interessado em falar de sua vida hoje, exceto por manifestar que gosta de marchar de bicicleta.

O documentário inclui cobertura de mídia de registo e muitas imagens de shows, incluindo cenas de apresentações inovadoras em 1985, quando o Wham! se tornou o primeiro grupo de pop ocidental a apresentar-se na China.

Mas foi a mãe de Ridgeley quem contribuiu com os tesouros mais pessoais. Desde os tempos de escola secundária de seu rebento, quando ele fazia música com Michael, ela compilou tapume de 50 álbuns cuidadosamente organizados e recheados de fotos, resenhas e outros materiais. Há instantâneos de meados da dez de 1970, quando Ridgeley conheceu George Michael, logo chamado Georgios Kyriacos Panayiotou, rebento de pai cipriota e mãe britânica.

Ridgeley também era rebento de pai imigrante –em seu caso, egípcio— e mãe britânica, e ele se deu muito imediatamente com o garoto a quem chamava de Yog, sobrenome que ele usou várias vezes em nossa entrevista. Os álbuns de recordações pintam um retrato cromatizado de garotos que adoravam o Queen e “Os Embalos de Sábado à Noite” e queriam fazer curso na música.

“Desde os 14 anos de idade, a única coisa que eu queria fazer era estar numa orquestra, grafar canções e tocar”, disse Ridgeley, com o exalo de um garoto de 14 anos na voz. E destacou que a reputação e a notoriedade “nunca foram nossa motivação”.

Ridgeley disse que ele e Michael sabiam que o Wham! teria um tempo de vida finito porque o trabalho de elaboração de Michael começou a se desenvolver a uma velocidade que o Wham! não comportaria. Em novembro George Michael será recebido no Hall da Glória do Rock & Roll.

Desde a quadra áurea do Wham!, Ridgeley combate a percepção de que é famoso somente porque fez segmento de um duo com um artista mais talentoso. Mas o documentário o mostra sob ótica favorável, revelando uma vez que ele, guitarrista, colaborou com o compositor e cantor George Michael.

Mesmo assim, Ridgeley reconheceu que sua musicalidade não estava no mesmo patamar que a de Michael, “uma das melhores vozes de sua geração, senão a melhor”, ele disse, soando uma vez que um irmão orgulhoso.

Quando Michael saiu do armário para Ridgeley, depois de filmarem o vídeo de “Club Tropicana” (1983) –15 anos antes de fazê-lo publicamente—, Ridgeley diz que o apoiou com paixão e deu de ombros. Michael estava mais preocupado com a verosímil reação de seu pai do que com a reação do público, disse Ridgeley. Para ele, se Michael tivesse se assumido nos tempos do Wham!, ele e os fãs teriam lhe oferecido todo o esteio.

“Não creio que isso teria afetado nosso sucesso. Teria sido difícil para ele por qualquer tempo, sem incerteza. Todos nós teríamos que reger a situação. Mas, depois o sensacionalismo inicial, isso seria verosímil, não?”

Depois do Wham!, em 1990, Ridgeley lançou um álbum solo que não foi para frente e passou um período curto como piloto de Fórmula Três, mas, com essas exceções, ele viveu longe dos holofotes. Os tabloides britânicos sempre fizeram questão de seguir sua vida amorosa –incluindo seu relacionamento de 25 anos com Keren Woodward, ex-integrante de outro grupo pop dos anos 1980, o Bananarama—, e o apelidaram de Randy Andy.

Shirley Kemp, uma amiga dos tempos do escola e backing vocal do Wham!, disse que Ridgeley não procurou a reputação em outros lugares porque ter estado no Wham! lhe deu “tudo que ele queria”.

“Acho que nunca conheci ninguém mais em sintonia com George do que Andrew, intelectualmente e em seu tino de humor”, disse Kemp, tal qual marido é Martin Kemp, da orquestra dos anos 1980 Spandau Ballet. “Foi o melhor relacionamento que vi George ter na vida.”

Ridgeley disse que nos últimos cinco anos só tem trabalhado em projetos ligados ao Wham! e que agora resta pouca coisa que ainda não tenha sido coberta. Em 2019, ele lançou um livro de memórias, “Wham! George Michael & Me” e, naquele ano, fez uma ponta na comédia romântica “Last Christmas”, inspirado no single natalino do mesmo título do grupo. E, ainda neste mês, vai trespassar uma coletânea de singles do “Wham!”, “Echoes From the Edge of Heaven”.

Andrew Ridgeley ainda parece assombrado com o que ele e seu melhor camarada fizeram juntos.

“Nunca consegui entender realmente que alcançamos o mesmo tipo de sucesso de artistas que admirávamos uma vez que deuses quando éramos jovens”, ele disse. “A gente se apresentou no estádio Wembley, o mesmo lugar onde Elton John cantou. Você pode até manifestar ‘sou igual’. Mas em sua própria cabeça, você nunca será igual a eles.”

Tradução de Clara Allain



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