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A sátira gastronômica não vive seu melhor momento, disso todo mundo sabe.
Também é sabida a razão da crise: a profusão de teor gratuito na internet e o declínio das mídias tradicionais, duas extremidades do mesmo fenômeno.
Entre a sátira profissional combalida e os influenciadores movidos a convites e mimos, surge um pequeno grupo que se apresenta porquê a salvação da lavoura.
São os autodenominados críticos independentes, que usam o Instagram para grafar longas resenhas de restaurantes.
Essas pessoas não recebem para criticar. Tiram o sustento de outra atividade e, em tese, avaliam restaurantes por diletantismo, pagando as refeições com o próprio moeda.
Em universal, gente que se jacta de ter viajado para 827 países, com 59 estrelas Michelin visitadas em cada um deles.
Afirmam saber profundamente a degustação técnica e, para embasar a argumento, arrolam cursos de gastronomia e vinho na descrição do perfil.
Mesmo quando o nome do responsável é postergado. Alguns optam pelo anonimato, sob justificativa de poder circundar invisível pelas casas de pasto. (Uma vez que se a fofoca não corresse feito rastilho de pólvora no minúsculo meio da gastronomia.)
Não devem satisfação a ninguém, dizem.
Assim, não têm amarras para enunciar opiniões fortes.
As resenhas de Instagram emitem julgamentos peremptórios, em peculiar quando a sentimento do crítico é negativa.
Expressões porquê “buraco obscuro”, “contração cadavérica”, “cafona”, “medonha” e “gororoba” saem com naturalidade dos teclados desses críticos.
Segmento da audiência protesta contra a crueza das palavras empregadas; o restante do vilarejo vai para a rossio empunhando suas tochas. O linchamento é o delícia das redes sociais.
Independência é um atributo muito fácil de se arrogar, em peculiar quando não há verificação verosímil.
Não acredito em isenção ou objetividade na sátira –seja de música, seja de cinema, seja de bolo de cenoura. Amparado por critérios técnicos (eles existem, por óbvio), o quidam manifesta opiniões carregadas de certezas subjetivas.
E sempre há o risco de manipulação das palavras para proporcionar ou prejudicar alguém, por interesse próprio ou alheio.
No jornalismo profissional, esse meandro de função encontra alguns obstáculos.
O texto é lido por editores antes da publicação. Mais relevante, o responsável se acosta à reputação do veículo.
Se eu escrevo alguma brutalidade cá, é a Folha quem dá a rostro a tapa. E haverá consequências para mim.
Nas resenhas independentes, o resenhista toca na margem do eu sozinho. Mas que pito toca? A que senhor serve? Não se sabe, mas podemos especular.
Na hipótese mais benigna, serve aos deuses das mídias sociais. Frases cuidadosas não geram engajamento. Rankings e pauladas cruéis rendem likes e comentários e compartilhamentos e mais seguidores.
Os deuses gostam de treta e põem o teor em destaque. O responsável sente-se motivado a queimar outras aberrações em rossio pública.
Oriente é o outro lado da independência absoluta.
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