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O caso do “terrorismo do sushi” causou repulsa, revolta e indignação. O fruto de um companheiro meu, otaku empedernido, ficou invectivado com as imagens de jovens japoneses lambendo coisas e passando seiva no sushi de um restaurante em que os clientes se servem numa esteira rolante.
A única surpresa, para mim, é se tratar de japoneses –historicamente disciplinados por uma instrução que, em termos suaves, pode ser classificada porquê rígida.
De resto, é jovem viril fazendo macheza jovem. Os homenzinhos (eu fui um) são idiotas ao ponto de perpetrar coisas porquê babar no sushi alheio –e burros o bastante para se incriminar com vídeos da inépcia veiculados nas redes sociais.
Na minha juvenilidade, sushi era dispendioso demais e exótico demais para os pirralhos paulistanos. O terrorismo se dava na lanchonete –hoje, o termo mais adequado talvez fosse “hamburgueria”.
Eu nunca fiz nem presenciei os atentados, mas sei que não são somente mito urbana porque conheci figuras capazes de perpetrá-los.
Naqueles dias, o ketchup e a mostarda vinham em bisnagas sem identificação de marca –vermelha e amarela, respectivamente. O grupo fazia alguma fuzarca para distrair as pessoas, enquanto um dos jovens tirava a tampa da bisnaga, cuspia lá dentro e tampava de volta.
Alguns amigos, cientes do terrorismo do ketchup, faziam um vistoria visual no teor da bisnaga antes de espremer no hambúrguer. Eu dava de ombros, sabia que iria olhar, mas não iria ver. A chance de pegar o ketchup batizado, no termo das contas, era pequena.
Outra modalidade menos nojenta –mas também escrota– de terrorismo era desrosquear a tampa da bisnaga e encaixá-la, solta, porquê se estivesse muito fechada. O efeito era um vómito de ketchup nas mãos do incauto cliente –quiçá em suas roupas.
O terrorismo escatológico jovem assume várias formas, do chiclete colado no banco do ônibus ao saleiro virado de ponta-cabeça, com a tampa na base. Ele sempre existiu, ainda existe e, porquê pudemos observar a partir do caso nipónico, é universal.
O lide da notícia é que os fedelhos do Japão estão ficando mais parecidos com a juventude ocidental –nos piores atributos dos jovens ocidentais. A mudança de comportamento deve perdurar pela vida adulta, e sabe-se lá o impacto disso na sociedade japonesa.
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