O caso das brasileiras que foram presas na Alemanha posteriormente uma troca de malas despertou pavor em muita gente que planeja viajar de avião para fora do país.
Em 5 de março, a empresária Kátyna Baía, 44, e sua esposa, Jeanne Paolini, 40, foram detidas no aeroporto de Frankfurt, acusadas de levar 40 kg de cocaína em bagagens despachadas. Mas, segundo a Polícia Federalista brasileira, as malas não pertenciam ao par.
Uma investigação descobriu que uma quadrilha trocava etiquetas de bagagens no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Os criminosos retiravam a identificação de uma mala qualquer e a colocavam em outra, com drogas. Na última semana, a PF prendeu seis suspeitos de integrarem o grupo. As brasileiras passaram mais de um mês presas e foram soltas nesta terça (11).
Para minimizar o risco de viver a situação, vale redobrar o zelo com as malas, sobretudo em viagens internacionais. Mas não é preciso pânico, reforça a delegada Fernanda Herbella, da Deatur (Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista). “As bagagens são despachadas dentro de uma extensão de segurança, que quase sempre é protegida por filmagens, circuitos internos e fiscalizações. Nesse caso, houve uma lapso, mas se trata de um tanto sensacional.”
É importante estar prudente a diferentes possibilidades de golpes relacionados às bagagens, uma vez que furtos ou até mesmo a introdução de drogas ou outros itens ilícitos. “No aeroporto, os bandidos ficam observando as pessoas e escolhem aquelas que estão mais distraídas”, afirma Marcus Almeida, técnico em segurança aeroportuária, que já coordenou a extensão no aeroporto do Galeão, no Rio, e na CCR Aeroportos.
Por isso, diz ele, o passageiro não deve desleixar da bagagem um minuto sequer. A recomendação é nunca admitir ajuda de estranhos para carregar as malas ou para olhá-las numa ida ao banheiro, por exemplo. Também não se deve, em nenhuma hipótese, admitir carregar uma bolsa que não seja sua.
Outro ponto que pode originar problemas no exterior é o transporte de medicamentos, já que algumas substâncias podem ser consideradas drogas dependendo do país. Assim, é fundamental pesquisar as restrições do orientação e sempre levar consigo a receita médica, orienta Luiz Trigo, professor do curso de lazer e turismo da USP (Universidade de São Paulo).
A seguir, veja as principais recomendações dos três especialistas para se prevenir de golpes relacionados às bagagens e também reunir provas caso seja necessário apresentá-las às autoridades.
Preste atenção nas etiquetas
Na hora do despacho, o funcionário da companhia aérea etiqueta a bagagem e dá ao passageiro um comprovante. Nesse papel, constam o código de identificação, a quantidade de itens despachados e o peso de cada um deles. Por isso, é forçoso velar esse documento e, se verosímil, fotografá-lo.
No caso das turistas brasileiras, uma das evidências de que a mala com drogas não era delas foi o peso das bagagens registrado no check-in: uma pesava 16 kg e a outra, 17 kg, valores inferiores aos 20 kg de cocaína encontrados pela polícia em cada bolsa.
Outra dica é observar se o número de etiquetas que o funcionário da companhia aérea imprimiu na hora do check-in é comportável com a quantidade de volumes que está sendo despachado —e se todas as identificações foram de indumentária colocadas nas malas. Isso porque já houve situações em que criminosos usaram etiquetas emitidas a mais para identificar bagagens com drogas, afirma Marcus Almeida, que deu esteio a uma operação da PF contra esse tipo de transgressão no Galeão.
Identifique e fotografe os volumes
Utilize etiquetas com os seus dados para identificar a mala. No lado de fora, o ideal é pendurar ao menos duas, porque uma delas pode se romper com o manuseio no aeroporto. Também vale colocar uma identificação dentro da mala, porque, caso surja alguma incerteza sobre quem é seu possuinte, ela poderá ser ensejo. Mas não é preciso exagerar nas informações: basta redigir nome, sobrenome e telefone (não se esqueça do código do país e do DDD).
Aliás, busque diferenciar a sua mala das demais. Use fitas coloridas, adesivos ou outros recursos visuais que possam ser registrados pelas câmeras do aeroporto. Quanto mais dissemelhante for a bagagem, mais fácil será identificar que houve uma troca. Faça fotos ou vídeos da mala, de preferência no momento em que ela estiver sendo despachada.
Proteja muito a bagagem
Fechar a mala com cadeado é obrigatório para aumentar a segurança, mas nem sempre é suficiente. Muitas vezes, é verosímil penetrar o zíper com o auxílio de uma caneta e, depois, fechá-lo novamente. Assim, uma dica é, além do cadeado, prender os fechos do zíper com um lacre na alça da bagagem. Isso dificulta que o zíper consiga ser fechado novamente, inibindo esse tipo de prática.
Não há nenhuma proteção infalível, mas, em universal, os criminosos procuram as malas que podem ser violadas mais rapidamente, sem que ninguém veja. Portanto, vale utilizar todo tipo de recurso para complicar a ação dos bandidos: capas protetoras, cintas com código ou envelopamento com plástico, por exemplo.
Outra opção é inserir rastreadores dentro da bagagem, cuja localização é compartilhada com o possuinte por meio de um smartphone. A utensílio da Apple, o AirTag, custa a partir de R$ 369 no site da marca. O Galaxy SmartTag, da Samsung, aparece uma vez que indisponível no site da empresa, mas, em outras lojas online, tem preço entre R$ 180 e R$ 350.
Na hora de pegar a mala na esteira, caso você perceba que há um tanto de dissemelhante com ela, verifique no lugar se qualquer pertence está faltando ou se qualquer objeto dissemelhante foi introduzido. Logo, comunique imediatamente às autoridades.
Dê preferência ao padrão de mão
Em viagens mais rápidas, uma escolha é não despachar a mala. O passageiro tem recta de levar na cabine uma mochila ou bolsa para velar embaixo do assento à sua frente e uma bagagem de mão de até 10 kg e dentro das dimensões permitidas (55 cm de profundidade, 35 cm de comprimento e 25 cm de largura).
Nesse caso, é fundamental permanecer prudente aos seus pertences o tempo todo, inclusive dentro do avião. Carregue documentos, quantia e outros itens de valor junto ao corpo ou, no supremo, na bolsa que ficará sob os seus pés.
Posicione a mala de mão no compartimento superior o mais próximo verosímil do seu assento, de modo que consiga visualizar se alguém abri-lo. Feche a bagagem com cadeado e coloque o lado do zíper virado para o fundo do divisão. Assim, ficará mais difícil que uma pessoa mal intencionada consiga violá-la.
E lembre-se: se o divisão da cabine já estiver lotado, a empresa aérea pode solicitar, na hora do embarque, que a sua mala seja despachada, sem dispêndio suplementar. Por isso, esteja sempre prestes para essa possibilidade, tomando as mesmas precauções na hora de entregar a bagagem (identificar, proteger e fotografar o volume).
Entenda uma vez que os criminosos agiram no Aeroporto de Guarulhos (SP)
- Dentro de uma extensão restrita do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), um funcionário foi filmado pelo giro de segurança mexendo nas etiquetas das malas de Kátyna Baía e Jeanne Paolini
- Segundo investigação da PF, as etiquetas das duas malas foram trocadas pelas de outras bagagens, com 20 kg de cocaína em cada uma
- As imagens anexadas ao processo mostram que as malas com a droga eram completamente diferentes das que foram despachadas pelas brasileiras
- Pelo registro da companhia aérea, as bagagens do par pesavam 16 kg e 17 kg no momento em que foram despachadas, valores inferiores aos 20 kg de cocaína encontrados pela polícia em cada uma das malas